quinta-feira, 1 de julho de 2010

Olá Pessoal, não esqueçam que a candidata do governo, faz parte desta maldita quadrilha. PENSE BEM...NO SEU VOTO.

Autor do Livro: Jornalista Ivo Patarra

CAPÍTULO 6 CONTINUAÇÃO (Parte 20)


falcatruas de Valério”, autor de “negócios escabrosos”, no “maior escândalo de corrupção de que se tem notícia no País.”
A revista Época publica fotografia de casa ampla, de bom gosto, avaliada em R$ 600 mil. Recém-construída por José Dirceu. Fica no condomínio Vale de Santa Fé, em Vinhedo (SP). Tem 431 metros quadrados de área construída, piscina e churrasqueira, num belo terreno de 1.680 metros quadrados.

Análise da CPI dos Correios sobre operações financeiras. É de envolvidos no escândalo do mensalão. Traz dúvidas sobre movimentações de José Dirceu. Cerca de R$ 535 mil, transferidos ao ex-ministro entre os anos de 2000 e 2005, não dispõem de identificação.

Não se sabe quem foram os depositantes. Para a assessoria de José Dirceu, o deputado está protegido por sigilo bancário, e não fará comentários sobre o assunto.

A operação Portugal Telecom. Quem se manifesta agora é o ex-diretor de Finanças da Embratur no governo Lula, Emerson Palmieri. O tesoureiro informal do PTB contesta a versão apresentada por Marcos Valério, segundo a qual ele, Palmieri, fora a passeio a Lisboa por estar estressado e ser amigo de Valério. Palmieri fala ao repórter Rubens Valente, da Folha de S.Paulo:
- Não sou amigo dele, não tenho nada com ele, eu o conheço há poucos meses.
Emerson Palmieri aproximou-se de Marcos Valério “por contingência”. Foi a Portugal em “missão partidária”, mas não há clareza sobre o encontro de Marcos Valério com representantes da Portugal Telecom:

- O Jefferson tinha combinado com José Dirceu e que era para eu acompanhar, para saber se iria ocorrer a reunião. Mais nada, eu não tinha detalhes disso.

Na explicação confusa, Palmieri diz ter sido convocado por Roberto Jefferson para a viagem. O deputado não explicou o motivo da ida a Portugal. Refere-se assim ao encontro entre Valério e diretores da empresa portuguesa:
- Ele não permitiu que eu entrasse na reunião, disse apenas que “provavelmente vamos  equacionar em 20 dias o problema do PT e do PTB”.

Dia  88
9/8/2005 Surge Paulo Okamotto, presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), nomeado por Lula para o cargo. Apresenta-se como autor do pagamento da dívida de R$ 29.436,26 do presidente da República junto ao PT. Okamotto foi tesoureiro da campanha de 1989, a primeira em que o líder petista disputou a Presidência da República. A CPI dos Correios investiga se teve dinheiro de caixa 2 no pagamento da dívida.
No Sebrae, Okamotto administra orçamento anual de R$ 900 milhões. Ele diz que pagou a dívida em quatro parcelas, mas não contou ao presidente:

- Tirei recursos da minha conta pessoal.

Okamotto não tem provas de que pagou. Não tem recibos, nada. A história não tem lógica. Ele diz que sacou dinheiro vivo em caixas eletrônicos em Brasília, e enviou os valores em espécie para São Paulo. Na capital paulista, aconteceram os depósitos em conta bancária do PT, feitos de quatro agências diferentes do Banco do Brasil.
Em depoimento à CPI do Mensalão, Marcos Valério confirma que destinou R$ 15,5 milhões das contas bancárias de suas agências para pagar o publicitário Duda Mendonça. O dinheiro foi entregue à sócia de Duda, Zilmar Fernandes da Silveira, e a outras pessoas autorizadas por ela. Zilmar é íntima da família presidencial. Cuida pessoalmente da imagem de Lula e da primeira-dama, Marisa Letícia. Faz isso desde a eleição de 2002. Sugere roupas novas para o presidente, e tratamentos estéticos para dona Marisa. No mercado publicitário, é tida como próxima de Delúbio Soares.
Em depoimento à CPI dos Bingos, o advogado Rogério Buratti diz que foi procurado por emissários da multinacional norte-americana Gtech, em abril de 2003. Eles queriam que Buratti fosse intermediário dos interesses da empresa junto ao ministro Antonio Palocci (PT-SP), para que houvesse a renovação de um contrato de R$ 650 milhões com a Caixa Econômica Federal.
Em troca da influência, Buratti receberia uma comissão milionária de R$ 16 milhões.

Rogério Buratti garante que não aceitou a proposta, e isenta o ministro da Fazenda de qualquer irregularidade. A Gtech teve o contrato renovado. Buratti nega tráfico de influência, mas não desmente a amizade com Antonio Palocci. E desvia o foco do ministro. Diz suspeitar que a Gtech contratou, por R$ 5 milhões, a MM Consultoria. A empresa, esta sim, teria ajudado na obtenção do novo contrato. A MM seria ligada ao advogado Marcelo Coelho Aguiar, que foi assessor de Luiz Gushiken (PT-SP) na Secom, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República. A história teria desdobramentos.
Em Brasília, outra história eletrizante: o sacador do valerioduto que passou recibo. É Charles dos Santos Dias, assessor do ex-senador Ademir Andrade (PSB-PA), candidato ao Governo do Pará em 2002, derrotado no primeiro turno. Dos R$ 920 mil do caixa 2 do PT em nome do deputado Paulo Rocha (PT-PA), R$ 300 mil foram retirados de conta da SMPB, em dinheiro vivo, na agência Assembléia do Banco Rural, em Belo Horizonte.

Dias fez o saque.

O dinheiro teria sido usado para comprar o apoio político do ex-senador. Em troca da bolada, ele teria ficado ao lado de Maria do Carmo (PT-PA), candidata a governadora no segundo turno das eleições do Pará naquele ano. Ela também foi derrotada. De qualquer forma, Charles dos Santos Dias descontaria três cheques de R$ 100 mil cada um, em 6 de maio de 2003. Assinou recibo, deixou rastro: os números do RG, CPF e do telefone celular.
Do ex-senador Ademir Andrade, ao jornal O Estado de S. Paulo:

- Tenho 30 anos de vida pública dedicada à luta do povo, sempre na esquerda, defensor dos sem-terra. Nunca me servi de qualquer coisa de governo, tive sempre comportamento absolutamente impecável, e de repente me vejo envolvido em situações como essa.
Dia 89
10/8/2005 Na CPI do Mensalão, o vice-presidente da comissão, deputado Paulo Pimenta  (PT-RS), trata de “esquentar” lista de sacadores das contas de Marcos Valério, numa jogada para envolver parlamentares de oposição no escândalo do mensalão. Um documento, supostamente apócrifo, relacionava 128 nomes para os quais teriam sido entregues R$ 10,8milhões na campanha de reeleição do governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) em 1998.
Eduardo Azeredo perdeu aquele pleito para Itamar Franco (PMDB-MG).
No primeiro momento, Paulo Pimenta afirma que “achou” a lista com os nomes em cima da mesa de trabalhos da CPI. Diz supor que Marcos Valério a deixou ali, por distração, ao prestar depoimento à comissão. Mas Paulo Pimenta foi visto ao lado de Valério após o final do depoimento, na madrugada anterior, caminhando em direção à garagem do Senado.
Paulo Pimenta apressa-se em dar uma segunda versão. Foi mesmo até o carro de Valério pegar a tal lista, mas com o advogado de Valério. A história não prospera. O advogado, Marcelo Leonardo, nega. E, pior, fica provado que Pimenta saiu do Senado, naquela madrugada, dentro do carro de Valério.
Do jornalista Janio de Freitas, na Folha de S.Paulo:
Assim tem agido a tropa de choque petista. Procura esvaziar tudo o tempo todo, sem decência no trato dos fatos, sem dignidade política e sem compostura pessoal.
Disso só pode resultar a sua associação moral a Marcos Valério e a quantos acusados haja. E, como o PT domina as CPIs ao somar-se a seus aliados da ‘base governista’, as inquirições e investigações ficam prejudicadas, particularmente as referentes ao mensalão.”

Paulo Pimenta renuncia à vice-presidência da CPI do Mensalão.

Depoimento à CPI dos Correios de Cristiano Mello Paz, sócio de Marcos Valério na agência de publicidade SMPB. Ele afirma que assinou “pilhas” de cheques identificados apenas como “assunto PT/Marcos Valério”, sem saber o destino do dinheiro. Diz Cristiano Mello Paz:
- Marcos Valério fez uma reunião conosco em que falou da importância da aproximação com o partido. Toda agência de publicidade tem interesse em estar próxima. Não vejo nada de ilícito nisso.
Cristiano Mello Paz defende o sócio:
- Valério colocou a importância de ter bom relacionamento com o PT. Disse que queria se aproximar do PT e tomou a decisão de fazer o empréstimo, se nós concordássemos.
Assinei na confiança e achei que deveria assinar.
Os cheques da “conta PT” vinham separadamente. Não eram nominais. Eram ao portador ou endereçados a determinadas empresas.
- Todas as vezes que os cheques chegavam na minha mesa eram pilhas desse tamanho, até me incomodava. Eu não tinha tempo para ficar conferindo.
Os parlamentares estranham. Que motivos teriam levado a agência a assumir riscos, emprestando dinheiro a um partido político? Justificativa de Paz:
- Senti desconforto por causa da dívida da empresa. O Valério dizia: “Não se preocupe,  o PT vai pagar”. Achei que tudo seria cumprido. Hoje vejo que foi um erro.

A Polícia Federal entrega à CPI dos Correios laudo apontando suspeitas de manipulação em números e informações do Banco Rural. Há indícios de transações que foram apagadas ou modificadas nas operações de crédito, débito, transferências bancárias e saques atribuídos às empresas de Valério.

Os peritos da Polícia Federal desconfiam de modificações feitas intencionalmente na contabilidade eletrônica do banco, para que coincidissem com as versões dos saques. As mudanças poderiam escamotear falsificações de valores, omitir sacadores e até incluir operações fantasmas. De acordo com dados da CPI, não há identificação sobre a origem de R$ 11,8 milhões, referentes a 50 movimentações das empresas de Valério no Banco Rural.
Dia 90
11/8/2005 A crise assume aspectos ainda mais chocantes. Duda Mendonça e Zilmar Fernandes da Silveira depõem na CPI dos Correios. O marqueteiro de Lula aparece sem ser convocado.
Confessa que recebeu R$ 11,9 milhões em caixa 2, de Marcos Valério. O dinheiro pagou serviços prestados na campanha de 2002, que elegeu Lula. Pior: R$ 10,5 milhões do total foram depositados no exterior, segundo Duda Mendonça, por orientação de Marcos Valério.

Duda Mendonça teria sido obrigado a constituir uma empresa offshore, cuja característica principal é a ausência de identificação dos donos. Nasceu a Dusseldorf, nas Bahamas. De cordo com a versão, Marcos Valério fez seguidos depósitos à Dusseldorf em 2003, por meio dos bancos BAC Flórida Bank, Banco Rural Europa, Israel Discount Bank de Nova York e a empresa Trade Link. Duda Mendonça não fornece senha ou extratos para permitir a análise da movimentação. Diz o marqueteiro de Lula:

- Esse dinheiro era claramente de caixa 2, a gente não é bobo. Nós sabíamos, mas não tínhamos outra opção, queríamos receber. Não vou dar uma de santinho. Ou eu recebia daquele jeito, ou tomava cano.

Além dos R$ 10,5 milhões na Dusseldorf, Marcos Valério repassou R$ 1,4 milhão em dinheiro vivo, em várias parcelas. Duda Mendonça recebeu tudo. Os primeiros R$ 300 mil foram na agência do Banco Rural da avenida Paulista, em São Paulo. Zilmar Fernandes da Silveira foi buscá-lo:

- Cheguei na tesouraria do Rural e o rapaz me trouxe um pacote de dinheiro. Eu me assustei, porque pensei que ia receber um cheque administrativo.
A sócia de Duda Mendonça acostumou-se. Voltou à mesma agência nos dias seguintes para pegar mais duas boladas de R$ 300 mil cada uma, em dinheiro vivo. E depois fez outras duas retiradas, também em espécie, de R$ 250 mil cada. Total: R$ 1,4 milhão. Só parou porque disse ter sido assaltada. Aí um doleiro teria sido incumbido de fazer os saques na agência.
O depoimento de Duda abala o País. Além do marketing de Lula, o publicitário cuidou das campanhas dos candidatos do PT aos governos de São Paulo e do Rio, José Genoino e Benedita da Silva, e do senador Aloizio Mercadante (PT-SP). Recebeu R$ 11,9 milhões de Valério, e outros R$ 3,6 milhões de Delúbio. Todos os R$ 15,5 milhões “por fora”, sem nota fiscal.
As televisões transmitem o depoimento de Duda Mendonça. O publicitário escancara a promiscuidade entre público e privado nas relações do Governo Federal. Segundo ele, o pacote fechado com o PT para as eleições de 2002 era de R$ 25 milhões. Faltou o acerto de R$ 9,5 milhões do combinado, mas Duda Mendonça voltou a trabalhar para o partido do presidente Lula em 2004. Foi responsável pelas campanhas eleitorais em São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Recife e Goiânia. Duda detém contas milionárias de publicidade do governo Lula, a saber: Petrobras, Secom e Ministério da Saúde. Juntas, renderam faturamento de R$ 120 milhões em 2003 e 2004. O acesso de Duda à esplanada dos Ministérios e ao ministro Luiz Gushiken (PT-SP) é constante. Recebeu o apelido de ministro da propaganda.

Ao depor à CPI, Duda Mendonça quer se livrar da acusação de evasão de divisas. O crime teria sido cometido por quem enviou o dinheiro ao exterior. Não ele. Duda apenas o recebeu e, portanto, seria autor de crime mais leve, de sonegação fiscal. Caso fizesse acerto com a Receita Federal antes da denúncia do Ministério Público, ficaria livre de processo criminal.
Repercussões do depoimento de Duda Mendonça: para o jornal Folha de S.Paulo, em editorial, “o presidente Lula perde o pouco de autoridade que lhe restava: como pode o governo exigir dos cidadãos e das empresas o cumprimento de obrigações fiscais se o mais alto magistrado da República chegou ao poder valendo-se de operações fraudulentas?”
O jornalista Clóvis Rossi, na mesma Folha, escreve que o depoimento do “publicitário do rei” mostra que não foram apenas deputados os beneficiados pelo valerioduto. “Foi o próprio presidente da República, cuja propaganda foi paga com esse dinheiro. Pior: não foram pagamentos
feitos durante a campanha e, portanto, antes da presidência de Lula, mas depois da posse e depois de a agência de Duda ter obtido contratos de publicidade do governo”.
O presidente do PT, Tarso Genro (RS), defende Lula:
- Não há nenhuma legitimação moral e jurídica para a proposta de impeachment. Vamos fazer todos os movimentos políticos, jurídicos e sociais para defender o mandato do presidente.
Da senadora Heloísa Helena (PSOL-AL):
- Agora se fecham todos os indícios de crime. E esse dinheiro não veio de empréstimo.
Veio de licitações fraudadas, de investimentos de fundos em bancos que depois retribuíam.
Tudo que o Código Penal diz que dá cadeia eles fizeram.
O deputado José Dirceu (PT-SP) alerta para “convulsão social”, em caso de impeachment de Lula:
- Vocês acham que não vai acontecer nada no País se fizerem isso?

Enquanto Duda Mendonça depunha à CPI dos Correios, Marcos Valério comparece à CPI do Mensalão. Ele tampouco fora convocado. O depoimento não tem a mesma repercussão, mas cria um problema. Segundo Valério, foi o próprio Duda quem pediu para o dinheiro ser depositado no exterior:

- Fui procurado pelo Delúbio, que me incumbiu de pagar o Duda, por intermédio da Zilmar. Fiz os pagamentos à pessoa que ela indicou, o consultor financeiro de nome Jader.

A grana foi sacada pelo doleiro Jader Kalid Antônio, autor de 22 operações de retirada de dinheiro da SMPB. Diz Valério:

- Fui usado pelo PT e cuspido para fora. É muito mais fácil acusar o publicitário Valério do que o marqueteiro Duda Mendonça. É mais fácil falar em valerioduto do que em dirceuduto ou ptduto.

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