A AUTORA ( uma
senhora de 78 anos ) FALOU , COM MUITA
INTELIGÊNCIA, CLAREZA, CORAGEM , SABEDORIA
E CONHECIMENTO DE CAUSA TUDO ( e mais alguma coisa ! ) QUE MILHARES DE
BRASILEIROS GOSTARIAM DE FALAR ( e precisam falar nas URNAS e nas suas atitudes
de reação e repudio explícito todos os dias ! ) PARA DILMA, LULA E PT CORRUTO ,
POPULISTA E RETROGRADO !
Assunto:
BRASIL CARINHOSO- carta à Presidente Dilma, de Martha de Freitas Azevedo
PannunzioA autora da carta além de ser professora aposentada e produtora rural,
é autora de livros infantis que foram
adaptados para o teatro, cuja produção foi de sua responsabilidade. Além disso, é uma grande defensora da memória
da cidade de Uberlândia e do meio
ambiente. Em suas terras "produtivas" ela promove excursões para que
crianças da rede pública do município participem de rodas de leitura. Uma
pessoa ética e trabalhadora sempre em defesa da cultura e da educação.Sinto orgulho
de ter sido sua aluna.
O sobrenome
dela não deve ser estranho para vocês, ela é mãe do jornalista Fábio Pannunzio.
Angelica
BRASIL CARINHOSO
Bom dia, dona
Dilma!
Eu também
assisti ao seu pronunciamento risonho e maternal na véspera do Dia das Mães.
Como cidadã da classe média, mãe, avó e bisavó, pagadora de impostos
escorchantes descontados na fonte no meu contracheque de professora aposentada
da rede pública mineira e em cada Nota Fiscal Avulsa de Produtora Rural, fiquei
preocupada com o anúncio do BRASIL CARINHOSO.
Brincando de
mamãe Noel, dona Dilma? Em ano de eleição municipalista? Faça-me o favor,
senhora presidentA! É preciso que o Brasil
crie um mecanismo bastante severo de controle dos impulsos eleitoreiros dos
seus executivos (presidente da república, governador e prefeito) para que as
matracas de fazer voto sejam banidas da História do Brasil.
Setenta reais
per capita para as famílias miseráveis que têm filhos entre 0 a 06 anos foi um
gesto bastante generoso que vai estimular o convívio familiar destas pessoas,
porque elas irão, com certeza, reunir sob o mesmo teto o maior número de
dependentes para “engordar” sua renda. Por outro lado mulheres e homens
miseráveis irão correndo para a cama produzir filhos de cinco em cinco anos.
Este é, sem dúvida, um plano qüinqüenal engenhoso de estímulo à vagabundagem,
claramente expresso nas diversas bolsas-esmola do governo do PT.
É muito fácil
dar bom dia com chapéu alheio. É muito fácil fazer gracinha, jogar para a
platéia. É fácil e é um sintoma evidente de que se trabalha (que se governa, no
seu caso) irresponsavelmente.
Não falo pelos
outros, dona Dilma. Falo por mim. Não votei na senhora. Sou bastante
madura, bastante politizada, marxista,
sobrevivente da ditadura militar e radicalmente nacionalista. Eu jamais votei
nem votarei num petista, simplesmente porque a cartilha doutrinária do PT é
raivosa e burra. E o governo é paternalista, provedor, pragmático no mau
sentido, e delirante. Vocês são adeptos do “quanto pior, melhor”. São
discricionários, praticantes do “bullying” mais indecente da História do
Brasil.
Em 1988 a
Assembléia Nacional Constituinte, numa queda-de-braço espetacular, legou ao
Brasil uma Carta Magna bastante democrática e moderna. No seu Art. 5º está
escrito que todos são iguais perante a lei*.
Aí, quando o PT foi ao paraíso, ele completou esta disposição, enfiando
goela abaixo das camadas sociais pagadoras de imposto seu modus governandi a
partir do qual todos são iguais perante a lei, menos os que são diferentes: os
beneficiários das cotas e das bolsas-esmola. A partir de vocês. Sr. Luís Inácio
e dona Dilma, negro é negro, pobre é pobre e miserável é miserável. E a
Constituição que vá para a pqp. Vocês selecionaram estes brasileiros e
brasileiras, colocaram-nos no tronco, como eu faço com o meu gado, e os
marcaram com ferro quente, para não deixar dúvida de que são mal-nascidos. Não
fizeram propriamente uma exclusão, mas fizeram, com certeza, publicamente, uma
apartação étnica e social. E o PROUNI se transformou num balcão de empréstimo
pró escolas superiores particulares de qualidade bem duvidosa, convalidadas
pelo Ministério de Educação. Faculdades capengas, que estavam na UTI financeira
e deveriam ter sido fechadas a bem da moralidade, da ética e da saúde
intelectual, empresarial, cultural e política do País. A Câmara Federal
endoidou? O Senado endoidou? O STJ
endoidou? O ex-presidente e a atual presidentA endoidaram? Na década de 60 e 70
a gente lutou por uma escola de qualidade, laica, gratuita e democrática. A
senhora disse que estava lá, nesta trincheira, se esqueceu disto, dona Dilma? Oi, por favor, alguém pare o trem que eu
quero descer!
Uma escola
pública decente, realista, sintonizada com um País empreendedor, com uma grade
curricular objetiva, com professores bem remunerados, bem preparados,
orgulhosos da carreira, felizes, é disto que o Brasil precisa. Para ontem. De ensino técnico, profissionalizante. Para
ontem. Nossa grade curricular é tão superficial e supérflua, que o aluno chega
ao final do ensino médio incapaz de conjugar um verbo, incapaz de localizar a
oração principal de um período composto por coordenação. Não sabe tabuada. Não
sabe regra de três. Não sabe calcular juros.
Não sabe o nome dos Estados nem de suas capitais. Em casa não sabe
consertar o ferro de passar roupa. Não é capaz de fritar um ovo. O estudante e
a estudantA brasileiros só servem para
prestar vestibular, para mais nada. E tomar bomba, o que é mais triste. Nossos
meninos e jovens lêem (quando lêem), mas não compreendem o que leram. Estamos na rabeira do mundo, dona Dilma.
Acorde! Digo isto com conhecimento de causa porque domino o assunto. Fui a vida
toda professora regente da escola pública mineira, por opção política e
ideológica, apesar da humilhação a que Minas submete seus professores. A
educação de Minas é uma vergonha, a senhora é mineira (é?), sabe disto tanto
quanto eu. Meu contracheque confirma o que estou informando.
Seu presente
para as mães miseráveis seria muito mais aplaudido se anunciasse apenas duas
decisões: um programa nacional de planejamento familiar a partir do seu
exemplo, como mãe de uma única filha, e uma escola de um turno só, de doze
horas. Não sabe como fazer isto? Eu ajudo. Releia Josué de Castro, A GEOGRAFIA
DA FOME. Releia Anísio Teixeira. Releia tudo de Darcy Ribeiro. Revisite os
governos gaúcho e fluminense de seu meio-conterrâneo e companheiro de PDT,
Leonel Brizola. Convide o senador Cristovam Buarque para um café-amigo, mesmo
que a Casa Civil torça o nariz. Ele tem o mapa da mina.
A senhora se
lembra dos CIEPs? É disto que o Brasil precisa. De escola em tempo integral,
igual para as crianças e adolescentes de todas as camadas, miseráveis ou
milionárias. Escola com quatro refeições diárias, escova de dente e banho. E
aulas objetivas, evidentemente. Com
biblioteca, auditório e natação. Com um jardim bem cuidado, sombreado,
prazeroso. Com uma baita horta, para aprendizado dos alunos e abastecimento da
cantina. Escola adequada para os de zero a seis, para estudantes de ensino
fundamental e para os de ensino médio, em instalações individuais para um
máximo de quinhentos alunos por prédio. Escola no bairro, virando a esquina de
casa. De zero a dezessete anos. Dê um pulinho na Finlândia, dona Dilma. No
aerolula dá pra chegar num piscar de
olhos. Vá até lá ver como se gerencia a educação pública com responsabilidade e
resultado. Enquanto os finlandeses amam a escola, os brasileiros a depredam. Lá
eles permanecem. Aqui a evasão é exorbitante. Educação custa caro? Depende do
ponto de vista de quem analisa. Só que educação não é despesa. É investimento.
E tem que ser feita por qualquer gestor minimamente sério e minimamente
inteligente. Povo educado ganha mais, consome mais, come mais corretamente,
adoece menos e recolhe mais imposto para as burras dos governos. Vale à pena investir mais em
educação do que em caridade, pelo menos assim penso eu, materialista convicta.
Antes que eu
me esqueça e para ser bem clara: planejamento familiar não tem nada a ver com
controle de natalidade. Aliás, é a única medida capaz de evitar a legalização
do controle de natalidade, que é uma medida indesejável, apesar de alguns
países precisarem recorrer a ela. Uberlândia, inspirada na lei de Cascavel,
Paraná, aprovou, em novembro de 1992, a lei do planejamento familiar. Nossa
cidade foi a segunda do Brasil a tomar esta iniciativa, antecipando-se ao SUS.
Eu, vereadora à época, fui a autora da mesma e declaro isto sem nenhuma
vaidade, apenas para a senhora saber com quem está falando.
Senhora
PresidentA, mesmo não tendo votado na senhora, torço pelo sucesso do seu
governo como mulher e como cidadã. Mas a maior torcida é para que não lhe falte
discernimento, saúde nem coragem para empunhar o chicote e bater forte, se for
preciso. A primeira chibatada é o seu veto a este Código Florestal, que ainda
está muito ruim, precisado de muito amadurecimento e aprendizado. O planeta
terra é muito mais importante do que o lucro do agronegócio e a histeria da
reforma agrária fajuta que vocês estão promovendo. Sou
fazendeira e ao mesmo tempo educadora ambiental. Exatamente por isto não
perco a sensatez. Deixe o Congresso
pensar um pouco mais, afinal, pensar não dói e eles estão em Brasília, bem
instalados e bem remunerados, para isto mesmo. E acautele-se durante o processo
eleitoral que se aproxima. Pega mal quando um político usa a máquina para
beneficiar seu partido e sua base aliada. Outros usaram? E daí? A senhora não é
“os outros”. A senhora á a senhora, eleita pelo povo brasileiro para ser a
presidentA do Brasil, e não a presidentA de um partidinho de aluguel, qualquer.
Se conselho
fosse bom a gente não dava, vendia. Sei disto, é claro. Assim mesmo vou
aconselhá-la a pedir desculpas às outras mães excluídas do seu presente: as
mães da classe média baixa, da classe média média, da classe média alta, e da
classe dominante, sabe por quê? Porque somos nós, com marido ou sem marido,
que, junto com os homens produtivos, geradores de empregos, pagadores de
impostos, sustentamos a carruagem milionária e a corte perdulária do seu
governo tendencioso, refém do PT e da base aliada oportunista e voraz.
A senhora,
confinada no seu palácio, conhece ao vivo os beneficiários da Bolsa-família? Os
muitos que eu conheço se recusam a aceitar qualquer trabalho de carteira
assinada, por medo de perder o benefício. Estou firmemente convencida de que
este novo programa, BRASIL CARINHOSO, além de não solucionar o problema de
ninguém, ainda tem o condão de produzir uma casta inoperante, parasita social,
sem qualificação profissional, que não levará nosso País a lugar nenhum. E, o
que é mais grave, com o excesso de propaganda institucional feita
incessantemente pelo governo petista na última década, o Brasil está na mira
dos desempregados do mundo inteiro, a maioria qualificada, que entrarão por
todas as portas e ocuparão todos os empregos disponíveis, se contentando até mesmo
com a informalidade. E aí os brasileiros e brasileiras vão ficar chupando
prego, entregues ao deus-dará, na ociosidade que os levará à delinqüência e às
drogas.
Quem cala,
consente. Eu não me calo. Aos setenta e quatro anos, o que eu mais queria era
poder envelhecer despreocupada, apesar da pancadaria de 1964. Isto não está
sendo possível. Apesar de ter lutado a vida toda para criar meus cinco filhos,
de ter educado milhares de alunos na rede pública, o País que eu vou legar aos
meus descendentes ainda está na estaca zero, com uma legislação que deu a todos
a obrigação de votar e o direito de votar e ser
votado, mas gostou da sacanagem de manter a maioria silenciosa no
ostracismo social, desprecisada e
desinteressada de enfrentar o desafio de lutar por um lugar ao sol, de ganhar o
pão com o suor do seu rosto. Sem dignidade, mas com um título de eleitor na
mão, pronto para depositar um voto na urna, a favor do político paizão/mãezona
que lhe dá alguma coisa. Dar o peixe, ao invés de ensinar a pescar, esta foi a
escolha de vocês.
A senhora não
pediu minha opinião, mas vai mandar a fatura para eu pagar. Vai. Tomou esta
decisão sem me consultar. Num país com taxa de crescimento industrial abaixo de
zero, eu, agropecuarista, burro-de-carga
brasileiro, me dou o direito de pensar em voz alta e o dever de me
colocar publicamente contra este cafuné na cabeça dos miseráveis. Vocês não
chegaram ao poder agora. Já faz nove anos, pense bem! Torraram uma grana preta
com o FOME ZERO, o bolsa-escola, o bolsa-família, o vale-gás, as ONGs fajutas e
outras esmolas que tais. Esta sangria nos cofres públicos não salvou ninguém?
Não refrescou niente? Gostaria que a
senhora me mandasse o mapeamento do Brasil miserável e uma cópia dos estudos
feitos para avaliar o quantitativo de miseráveis apurado pelo Palácio do
Planalto antes do anúncio do BRASIL CARINHOSO. Quero fazer uma continha de
multiplicar e outra de dividir, só para saber qual a parte que me toca nesta
chamada de capital. Democracia é isto,
minha cara. Transparência. Não ofende. Não dói.
Ah, antes que
eu me esqueça, a palavra certa é PRESIDENTE.
Não sou impertinente nem desrespeitosa, sou apenas professora de latim,
francês e português. Por favor, corrija esta informação.
Se eu mandar
esta correspondência pelo correio, talvez ela pare na Casa Civil ou nas mãos de
algum assessor censor e a senhora nunca saberá que desagradou alguém em algum
lugar. Então vai pela internet. Com pessoas públicas a gente fala publicamente
para que alguém, ciente, discorde ou concorde. O contraditório é muito
saudável.
Não gostei e
desaprovo o BRASIL CARINHOSO. Até o nome me incomoda. R$2,00 (dois reais) por
dia para cada familiar de quem tem em casa uma criança de zero a seis anos, é
uma esmolinha bem insignificante, bem insultuosa, não é não, dona Dilma?
Carinho de presidentA da república do Brasil neste momento, no meu conceito, é
uma campanha institucional a favor da vasectomia e da laqueadura em quem já
produziu dois filhos. É mais creche institucional e laica. Mais escola pública
e laica em tempo integral com quatro refeições diárias. É professor dentro da
sala de aula, do laboratório, competente e bem remunerado. É ensino profissionalizante
e gente capacitada para o mercado de trabalho.
Eu podia
vociferar contra os descalabros do poder público, fazer da corrupção
escandalosa o meu assunto para esta catilinária. Mas não. Prefiro me ocupar de
algo mais grave, muitíssimo mais grave, que é um desvio de conduta de líderes
políticos desonestos, chamado populismo, utilizado para destruir a dignidade da
massa ignara. Aliciar as classes sociais menos favorecidas é indecente e
profundamente desonesto. Eles são ingênuos, pobres de espírito, analfabetos,
excluídos? Os miseráveis são. Mas votam,
como qualquer cidadão produtivo, pagador de impostos. Esta é a jogada. Suja.
A televisão
mostra ininterruptamente imagens de desespero social. Neste momento em todos os
países, pobres, emergentes ou ricos, a população luta, grita, protesta, mata,
morre, reivindicando oportunidade de trabalho. Enquanto isto, aqui no País das
Maravilhas, a presidente risonha e ricamente produzida anuncia um programa de
estímulo à vagabundagem. Estamos na contramão da História, dona Dilma!
Pode ter
certeza de que a senhora conseguiu agredir a inteligência da minoria de
brasileiros e brasileiras que mourejam dia após dia para sustentar a máquina
extraviada do governo petista.
Último
lembrete: a pobreza é uma conseqüência da esmola. Corta a esmola que a pobreza
acaba, como dois mais dois são quatro.
Não me leve a
mal por este protesto público. Tenho obrigação de protestar, sabe por quê? Porque, de cada delírio seu, quem paga a
conta sou eu.
Atenciosamente,
Martha de
Freitas Azevedo Pannunzio
Fazenda Água
Limpa, Uberlândia, em 16-05-2012
marthapannunzio@hotmail.com
CPF nº 394172806-78
*CONSTITUIÇÃO
FEDERAL
TÍTULO II
Dos Direitos e
Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E
DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
I - homens e
mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;