quarta-feira, 30 de junho de 2010

Olá  Meu Querido Vento, e Meus Queridos Amigos,
Bom dia, hoje já postei a continuação do capítulo, mas recebi este e-mail e
gostaria de postar, abrindo um parêntese na postagem do LIVRO PROIBIDO.
Como a época é propicia vamos la.

Tenho certeza que o governo brasileiro está metido nisso  porque é um
caso de desonestidade, corrupção e sujeira.
Me lembro bem dos 2 caras de pau (Presidente do Brasil e França)
assistindo ao jogo, devem ter ido conferir de perto, para garantir 
que a vagabundagem fosse efetivada....e foi.    
Qual o sentimento que você  sente lendo isso???
O meu??? improprio para publicação.
Angela Carrera












Eis o e-mail

COPA 1998 - DIVULGADO O ESCÂNDALO QUE TODO MUNDO SUSPEITAVA !
Talvez, isso explique a razão do jogador Leonardo ter declarado a seguinte frase: '"Se as pessoas soubessem o que aconteceu na Copa do Mundo de 1.998, ficariam enojadas!".
Todos os brasileiros ficaram chocados e tristes por terem perdido a Copa do Mundo de futebol, na França. Não deveriam.
O que está exposto abaixo é a notícia em primeira mão que está sendo investigada por rádios e jornais de todo o Brasil e alguns estrangeiros, mais especificamente Wall Street Journal of Americas e o Gazzeta delo Sport e deve sair na mídia em breve, assim que as provas forem colhidas e confirmarem os fatos.
Fato comprovado:
O Brasil VENDEU a copa do mundo para a Fifa. Os jogadores titulares brasileiros foram avisados, às 13:00 do dia 12 de Julho (dia do jogo final), em uma reunião envolvendo o Sr. Ricardo Teixeira (na única vez que o presidente da CBF compareceu a uma preleção da seleção), o Técnico Mário Zagallo, o Sr. Américo Faria, supervisor da seleção, e o Sr. Ronald Rhovald, representante da patrocinadora Nike. Os jogadores reservas permaneceram em isolamento, em seus quartos ou no lobby do hotel.
A princípio muito contrariados, os jogadores se recusaram a trocar o penta-campeonato mundial por sediar a Copa do Mundo. A aceitação veio através do pagamento total dos prêmios, US$70.000,00 para cada jogador, mais um bônus de US$400.000,00 para todos os jogadores e integrantes da comissão, num total de US$ 23.000.000,00 vinte e três milhões de dólares) através da empresa Nike.
Além dis so, os jogadores que aceitarem o contrato com a empresa Nike nos próximos 4 anos terão as mesmas bases de prêmios que os jogadores de elite da empresa, como o próprio Ronaldo, Raul da Espanha, Batistuta da Argentina e Roberto Carlos, também doBrasil.
Mesmo assim, Ronaldo se recusou a jogar, o que obrigou o técnico Zagallo a escalar o jogador Edmundo, dizendo que Ronaldo estava com problemas no joelho esquerdo (em primeira notícia divulgada às 13:30 no centro de imprensa) e, logo depois, às 14:15, alterando o prognóstico para problemas estomacais).
*A sua situação só foi resolvida após o representante da Nike ameaçar retirar seu ** patrocínio vitalício ao jogador, avaliado em mais de US$90.000.000,00 (noventa ** milhões de dólares) ao longo da sua carreira.
Assim, combinou-se que o Brasil seria derrotado durante o 'Golden Goal' (prorrogação com morte súbita), porém a apatia que se abateu sobre os jogadores titulares fez com que a França, que absolutamente não participou desta negociação, marcasse, em duas falhas simples do time brasileiro, os primeiros gols.
O Sr. Joseph Blatter, novo presidente da Fifa, cidadão franco-suíço, aplaudiu a colaboração da equipe brasileira, uma vez que o campeonato mundial trouxe equilíbrio à França num momento das mais altas taxas de desemprego jamais registradas naquele país, que serão agravadas pela recente introdução do euro (moeda única européia) e o mercado comum europeu (ECC).
Garantiu, também, ao Sr. Ricardo Teixeira, através de seu tio, João Havelange,** que o Brasil teria seu caminho facilitado para o penta-campeonato de 2002.

**Passem esta mensagem para o maior número possível de pessoas,** para que todos possam conhecer a sujeira que ronda o futebol!
Desde, já agradeço, Um abraço.

Gunther Schweitzer
Central Globo de Jornalismo*

E tem Mais, nesse acordo ficou definido que em 98 a França seria campeã,(como foi) , em 2002 seria o Brasil (como foi), em 2006 a Italia, e em 2010 a Argentina e 2014 será a Alemanha, todos esses paises estavam envolvidos na negociação.

Agora é só aguardar para ver o resultado.
Porque será que o Maradona esta com toda essa euforia???
SE ISSO FOR PROVADO...DESACREDITO DO FUTEBOL!!

Autor do Livro: Jornalista Ivo Patarra
CAPÍTULO 6 CONTINUAÇÃO (Parte 19)


Mais uma informação que corrobora a denúncia de Roberto Jefferson: o IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) confirma que rejeitou proposta para aplicar US$ 100 milhões no Banco Espírito Santo. Não são os números de Jefferson, mas são números milionários.
Quem forçou a posição do IRB pela rejeição da proposta, em abril de 2005, foi o diretor de Finanças da estatal, Alberto Pais, o único que não teria sido indicado por partidos políticos.
Simone Vasconcelos na CPI dos Correios. A diretora administrativa e financeira da SMPB conta que esteve cerca de 30 vezes em Brasília por determinação de Marcos Valério, em 2003. Foi tratar de retiradas de dinheiro, atendendo interesses de Delúbio Soares. Ela conhece um pouco da história do saque em nome de Roberto Marques, o “Bob”, fiel amigo de José Dirceu:
- A Geyza Dias, gerente financeira da SMPB, autorizou o saque de R$ 50 mil do Rural em São Paulo, em nome dele. Mas no dia seguinte enviou outro fax ao Rural, mudando o destinatário.

Se foi mudado, foi por ordem do Valério, que deve ter mudado a pedido do Delúbio.

Dava muito na cara.
Os R$ 50 mil, afinal, foram recebidos por um emissário da corretora Bônus-Banval. Na primeira fase das operações do valerioduto, aliás, o dinheiro era entregue em espécie ou mediante transferências eletrônicas, diretamente aos beneficiados. Depois, Marcos Valério procurou procedimentos mais seguros, dificultando a identificação dos recebedores. Passou a usar os serviços das corretoras Bônus-Banval e Guaranhuns para distribuir o dinheiro.

Além de tudo, tinha outro problema: Simone Vasconcelos não aguentava mais lidar com tanto dinheiro. Palavras dela à CPI:

- Quando chegava ao Rural em Brasília tinha impressão de que até o guarda sabia que eu ia tirar dinheiro. Não gostava disso, pelo risco pessoal. Achava perigoso. Com o passar de alguns meses, fiquei incomodada, constrangida. Não me ocorreu que fosse ilegal, mas pedi para    não fazer mais.

De Simone Vasconcelos:

- Não me arrependo de nada. Sou muito grata ao Marcos Valério. Ele me deu possibilidade de crescimento profissional. E quando fiquei incomodada por entregar valores, isso mudou.

Fiz tudo por determinação do meu patrão.

Cai Manoel Severino dos Santos, presidente da Casa da Moeda, órgão subordinado ao Ministério da Fazenda. Manoel Severino dos Santos aparece na lista de Valério como sacador de R$ 2,6 milhões. É um dos fundadores do PT no Rio. Foi secretário da ex-governadora Benedita da Silva (PT-RJ). Exerceu a função de tesoureiro informal do PT e trabalhou na campanha de reeleição de Benedita. É próximo de Marcelo Sereno e Delúbio Soares.

Mais denúncias: a DNA pagou R$ 34 mil mensais, entre abril de 2003 e dezembro de 2004, para a IFT (Idéias, Fatos e Texto), empresa do jornalista Luís Costa Pinto, em troca de serviços de comunicação aos deputados Professor Luizinho (PT-SP) e Virgílio Guimarães (PT-MG).

A SMPB, outra agência de Marcos Valério, pagou R$ 20 mil mensais a Luís Costa Pinto, pela assessoria ao deputado João Paulo Cunha (PT-SP), na época em que ele presidia a Câmara dos Deputados. A CPI dos Correios descobriu uma transferência de R$ 50 mil das contas de Valério a Luís Costa Pinto.

Dia 83
4/8/2005 Mais uma história que passa raspando em Lula. O jornal O Estado de S. Paulo faz nova revelação sobre o caixa 2 do PT. A reportagem é de Christiane Samarco. Trata-se de R$ 2,1 milhões do valerioduto que foram entregues ao líder do PMDB na Câmara, deputado José Borba (PR), em 2004.
Segundo o próprio José Borba, boa parte dos R$ 2,1 milhões foi repassada a Carlos Roberto Massa, o “Ratinho”, apresentador do Programa do Ratinho, do SBT. Bancou uma entrevista-churrasco com Lula no programa de televisão. Foram cinco horas de gravação na Granja do Torto com Lula, registradas por seis câmeras do SBT. O programa foi ao ar em 30 de abril de 2004.

José Borba relatou a história a dois integrantes da cúpula do PMDB. José Borba intermediou pessoalmente o pagamento. Deu a entender que poderia renunciar ao mandato.
Iria preferir isso a contar a verdade. Afinal, Ratinho é compadre e velho amigo. Financiara a campanha de José Borba a deputado em 2002, incluindo o empréstimo de um jatinho para ele percorrer o Paraná.

O Palácio do Planalto e Ratinho negam o pagamento. Da reportagem:

“Foi justamente a eleição de 2002 que aproximou Ratinho, que já foi deputado, e o candidato Lula, apoiado pelo PMDB de Borba no Paraná. Os contatos entre eles se estreitaram a ponto de a grande entrevista exclusiva ter sido acertada pelos dois em um café da manhã em Brasília, um mês antes do churrasco no Torto. A entrevista teria custado caro porque incluiu a participação da dupla sertaneja Bruno e Marrone, que cantou com Lula.”
Em depoimento à CPI do Mensalão, Roberto Jefferson (PTB-RJ) conta detalhes da operação Portugal Telecom. Foi procurado por Marcos Valério, em março de 2005, para tratar do negócio com o Banco Espírito Santo, acionista da Portugal Telecom. Valério queria que Jefferson conseguisse uma transferência de US$ 600 milhões para o Banco Espírito Santo, cuja sede fica em Portugal. O dinheiro era do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) e estava aplicado na Europa.
Além disso, Jefferson teria de atuar junto à Eletrobrás. A estatal federal precisaria reestatizar linhas de transmissão de energia. O Banco Espírito Santo providenciaria financiamento de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões para isso. A comissão proposta para a trama era de 3%. Isso renderia uma bolada entre R$ 90 milhões e R$ 120 milhões, dinheiro que iria irrigar os cofres do PT e do PTB. Na época, o IRB e a Eletrobrás estavam na área de influência do PTB.
Havia outro negócio, proposto pelo então ministro José Dirceu (PT-SP). Renderia R$ 24 milhões por fora, também para PT e PTB. Esse o motivo da viagem de Valério e do tesoureiro do PTB, Emerson Palmieri, a Lisboa. Rogério Tolentino, sócio de Valério, também foi a Portugal.
Segundo Jefferson, Dirceu disse que a Portugal Telecom oferecera a bolada em nome de uma antecipação de recursos para futuras campanhas eleitorais. Jefferson afirma que Valério, Tolentino e Delúbio Soares viajavam com frequência a Portugal.
Em seu depoimento, Jefferson aponta a origem da crise política: dificuldades do PT e do
PTB para pagar dívidas:

- Se as operações tivessem dado certo, as crises estariam sanadas. As tensões seriam superadas.
Para ele, os problemas começaram quando tomou a decisão de contar a Lula sobre o pagamento de mensalões. Jefferson acusa o ministro da Justiça:
- Passaram a perseguir a mim e ao PTB. O ministro Márcio Thomaz Bastos disse que divulgaria corrupção em três órgãos administrados pelo PTB, o IRB, os Correios e a Eletronorte.
Roberto Jefferson acrescenta:
- Procurei o José Dirceu e pedi que ele não “viajasse”, mas ele não me deu ouvidos.
Depois fiquei sabendo que os arapongas da Agência Brasileira de Inteligência estavam lá nos Correios, querendo me pegar.
Um “acordo” na CPI dos Correios impede a abertura dos sigilos bancários e fiscais de 11 fundos de pensão de empresas estatais. A alegação: a investigação iria gerar clima de instabilidade na economia, e prejudicar investimentos no Brasil. Deputados e senadores abrem mão da apuração das irregularidades num veio importante de abastecimento do caixa 2.
Do deputado Maurício Rands (PT-PE):
- Os investimentos dos fundos são ativos da escala de bilhões. Temos de ter responsabilidade com a economia do País.
Com a decisão, o inquérito restringe-se a um pedido de informações à Secretaria de Previdência Complementar, do Ministério da Previdência Social.
A CPI dos Correios ouve o policial David Rodrigues Alves, autorizado a sacar R$ 6,5 milhões das contas das empresas de Marcos Valério, em agências do Banco Rural em Belo Horizonte.
Ele confirma: o dinheiro ficava separado no banco, em maços lacrados. Transportava os valores para a SMPB, em caixas de sapato, caixas de camisa ou de celular, dependendo da quantia. Fazia até três viagens por dia, carregando de R$ 50 mil a R$ 150 mil. Em troca, recebia pagamento de R$ 50 a R$ 100 por viagem, mais o dinheiro do táxi.
Na CPI dos Bingos, Antonio Carlos Lino da Rocha, ex-presidente da multinacional Gtech no Brasil, e Marcelo Rovai, ex-diretor de Marketing da empresa. Os dois acusam o advogado Rogério Buratti e Waldomiro Diniz, ex-subchefe do Ministério da Casa Civil. Ambos teriam tentado extorquir R$ 20 milhões da Gtech, em abril de 2003. A exigência caiu depois para R$ 6 milhões. Em troca, o Governo Federal facilitaria a renovação de um contrato da multinacional norte-americana com a Caixa Econômica Federal. Rogério Buratti foi secretário de Governo do ministro da Fazenda, Antonio Palocci (PT-SP), quando ele era prefeito de Ribeirão Preto (SP).
A história de Marcelo Rovai: ele aceitou conversar com Waldomiro Diniz, porque lhe informaram que o assessor de José Dirceu (PT-SP) era o terceiro homem mais importante do governo Lula. Quanto a Buratti, era poderoso o suficiente para impedir a assinatura do contrato. Afinal, já assessorara três petistas de peso: Palocci, José Dirceu e o deputado João Paulo Cunha (SP).
Os ex-dirigentes da Gtech negam o pagamento da propina. Senadores acreditam que, para evitar o rompimento do contrato de processamento de loterias, o dinheiro foi pago, e por isso a prorrogação, um negócio de R$ 650 milhões, recebeu sinal verde. Não ficou por aí a boa relação Gtech/governo Lula. Houve a criação de mais um jogo, a Loto Fácil, e o aumento de 50% no preço de outro, a Mega Sena, que também beneficiaram a Gtech.
Outra indicação do suborno: as ligações telefônicas entre Marcelo Rovai e Rogério Buratti.

O ex-diretor da multinacional negou os telefonemas, mas a quebra de sigilo telefônico mostrou que os dois se falavam com frequência. É fato: a Caixa Econômica Federal prorrogou o contrato de US$ 100 milhões com a Gtech por mais um ano.
Dia 84
5/8/2005 A operação Portugal Telecom. O jornal português Público informa que Ricardo Espírito Santo Salgado, presidente do Banco Espírito Santo, confirmou o encontro mantido com Marcos Valério em Lisboa, no final de 2004. Na audiência, o banqueiro comentou que tinha dificuldade para marcar uma reunião com altos funcionários do governo Lula.
De volta ao Brasil, Valério marcou o encontro, sem problemas. Em dois dias estava agendado.
A reunião ocorreu em 11 de janeiro de 2005. Ricardo Espírito Santo, representante do banco português no Brasil, foi recebido pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT-SP). Valério também estava na audiência. O banqueiro e Valério confirmaram, embora Dirceu tenha informado que não se lembrava da presença de Valério na reunião.
Outro diário português, o Jornal de Negócios, publica entrevista com o presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa. Ele também se reuniu com Valério, “grande empresário de Minas Gerais”, em Lisboa. Em outubro de 2004, em audiência oficial realizada no Palácio do Planalto, ocorreu encontro entre Lula e Miguel Horta e Costa.

Em entrevista ao repórter Expedito Filho, do jornal O Estado de S. Paulo, Marcos Valério descreve José Dirceu como “avalista político” dos empréstimos bancários do Banco Rural e do BMG ao PT:

- Por que você acha que os bancos emprestaram? Algum banqueiro deste País daria o aval para Delúbio e Valério? Os bancos só deram aval porque sabiam que por trás tinha um conforto, uma garantia.

Segundo Valério, Delúbio Soares avisava José Dirceu sobre todas as transferências de dinheiro do valerioduto:

- Delúbio tinha fidelidade canina e não fazia nada sem conversar com Dirceu.
Mais bastidores do mensalão, na versão de Valério:

- Nos dois últimos anos, eu fui a pessoa mais íntima do Delúbio. Ele me disse que Zé Dirceu sabia das dívidas do partido, que Zé Dirceu sabia dos compromissos com os outros partidos da base. Delúbio assumiu mais compromissos do que realmente poderia. Além de Zé Dirceu, todo mundo na cúpula do PT sabia dos empréstimos de Delúbio e das transferências para diretórios do PT e para partidos aliados.

- Eu via a maneira como Silvinho Pereira respeitava o Delúbio, o Delúbio ao Genoino, e todos ao Dirceu.

Tudo começou no segundo turno da eleição para presidente da República, em 2002.
Valério se aproximou de um velho amigo, o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), conterrâneo dele da cidade de Curvelo (MG). Conheceu José Dirceu e a cúpula do PT. As operações de empréstimo e transferências começaram depois da eleição:
- No PP, os saques eram autorizados para João Cláudio Genu, chefe do gabinete da liderança, e distribuídos para os deputados pelo líder, deputado José Janene. O PL, primeiro partido a receber, tinha como distribuidor o deputado Valdemar Costa Neto, embora os saques fossem feitos pelo tesoureiro Jacinto Lamas. No PMDB, quem sacava era Maria Sebastiana, e o Borba distribuía.
Valério lembra-se de conversa que ouviu na sede do PT em Brasília, no edifício Varig.
Era a respeito de uma discussão entre o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e o tesoureiro Delúbio Soares:

- Jefferson queria grana, chantageou e ameaçou o Delúbio. Ele me disse: “Vamos ter problemas com o Roberto Jefferson”.

O publicitário Duda Mendonça emite nota para repudiar, “com veemência e indignação”, o que chama de “tentativas absurdas e absolutamente improcedentes” de Marcos Valério.

Duda Mendonça não aceita que ele e a sócia, Zilmar Fernandes da Silveira, sejam envolvidos no “inexplicável esquema de distribuição de dinheiro”. Duda Mendonça foi apontado como o destinatário de R$ 15,5 milhões, por meio de cinco cheques lançados entre fevereiro e novembro de 2003.
A Polícia Federal indicia o coordenador financeiro da campanha de Fernando Pimentel (PT) a prefeito de Belo Horizonte. Chamado a depor, Rodrigo Barroso Fernandes prefere não se manifestar sobre os R$ 274 mil que recebeu, por meio do caixa 2 do PT. Com o nome na lista dos recebedores de dinheiro do valerioduto, Rodrigo Barroso Fernandes já havia pedido demissão da Prefeitura de Belo Horizonte.
Dia 85
6/8/2005 O PT decide suspender Delúbio Soares por tempo indeterminado, mas rejeita a abertura de processo de investigação sobre as atividades do tesoureiro. Do deputado Chico Alencar (PT-RJ), que depois se transferiria para o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade):
- Delúbio sabe de muita coisa. Ele não faria operações milionárias de moto próprio, e por isso tem que ter blindagem, proteção. O partido não quer ser melindrado. O Campo Majoritário está vivo e José Dirceu, trabalhando firme.
Para o deputado Mauro Passos (SC-PT), o receio é um só. Delúbio Soares poderia contar tudo o que sabe:

- Tornou-se perigoso, do ponto de vista que pode liquidar figuras do nosso partido e do nosso governo. Imagino o esforço para que não abra o verbo.

O jornal O Estado de S. Paulo comenta a decisão do PT, no editorial “Pizza no Diretório do PT”. Critica a influência de José Dirceu e classifica Delúbio Soares como o “parceiro de

terça-feira, 29 de junho de 2010

Autor do Livro: Jornalista Ivo Patarra
CAPÍTULO  6 CONTINUAÇÃO (Parte 18)


Valdemar Costa Neto profere discurso da tribuna na Câmara dos Deputados. Recebeu, sim, dinheiro do valerioduto, apesar de ter negado anteriormente. Todo o dinheiro do caixa 2 do PT foi usado, segundo ele, para pagar despesas de campanhas eleitorais. Não houve mesadas a deputados:
- Fui induzido ao erro quando aceitei receber recursos destinados à campanha, sem a devida documentação que oficializasse a doação.
O patrimônio de Valdemar Costa Neto, conforme declaração apresentada por ele ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) em 2002: R$ 2,9 milhões. Em Mogi das Cruzes (SP), base eleitoral de Valdemar, ele é conhecido como “Boy”. De Frederico Augusto, irmão de Valdemar, ao repórter José Maria Mayrink, do jornal O Estado de S. Paulo:

- Não entendo como o Boy tem tantos bens, pois nosso pai morreu pobre e não deixou quase nada para os filhos.
Em Brasília, o discurso de renúncia do presidente do PL. Menção ao PT:
- Não tínhamos razões para suspeitar da origem dos recursos que recebíamos. Em nenhum
momento poderíamos colocar sob suspeita as ações de um partido aliado que, junto conosco, venceu as eleições.

O presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), elogia Valdemar Costa Neto. Severino falou exatamente desse jeito:

- Não posso deixar de ressaltar a prova da dignidade da maneira correta como vossa excelência agiu para engrandecer o mandato popular, que espero que São Paulo faça de volta.

Daria certo. Valdemar seria reeleito deputado federal em 2006. E o PL, chamuscado pelo escândalo do mensalão, viraria PR (Partido da República). Valdemar continuou forte nos bastidores, durante o segundo mandato de Lula.

Dia 81
2/8/2005 José Dirceu (PT-SP) e Roberto Jefferson (PTB-RJ) enfrentam-se em sessão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Um duelo com ofensas, denúncias para todos os lados e muita ironia. Dirceu trata de proteger Lula, minimizando a influência que teve no governo do presidente. Jefferson rouba a cena. Eis as intervenções de Dirceu, retrucadas por Jefferson:
- Tenho consciência da tragédia que se abateu no PT. Sei da gravidade dos erros que setores da direção do PT cometeram na campanha de 2004, mas quero repetir que só respondo pelo que decidi, participei e autorizei.
- Tratei de todos os assuntos com vossa excelência, deputado José Dirceu, os republicanos e os não-republicanos. Vossa excelência nos deixava a todos à vontade para qualquer conversa, na ante-sala do presidente da República.
- O senhor se desentendeu conosco porque queria capturar vários órgãos públicos e não permitimos as nomeações.
- Falei do mensalão para o todo-poderoso José Dirceu, hoje humilde, ele deu um soco na mesa e disse: “Não pode, o Delúbio não está autorizado”.

- No caso de se comprovar que o mensalão é realidade, quem vai decidir isso é a Justiça.

Por enquanto é um indício, não uma certeza.

- O José Genoino era o vice-presidente do PT. O presidente de fato era José Dirceu.
Tudo tinha de ser fechado e homologado depois na Casa Civil, pelo José Dirceu.
- Não é fato. Não é verdade.

- O acordo da Bahia foi fechado na Casa Civil. O acordo de São Paulo, o do Paraná que envolvia a nomeação em Itaipu, foi fechado na Casa Civil.

- Não posso ser prejulgado, transformado, como fez o deputado Roberto Jefferson, no chefe de quadrilha ou no chefe do maior esquema de corrupção no País.

- Foi o maior tráfico de influência, a maior corrupção política que eu já vi por parte de um partido. O braço desse partido no governo é vossa excelência.

- O falecido presidente Martinez recebeu R$ 1 milhão do Marcos Valério. Se esses saques são para o mensalão, como diz o deputado Roberto Jefferson, o PTB também recebeu.

- O senhor acusou um homem que não pode se defender, mas eu vou fazer isso por ele. O Martinez me mostrou que havia recebido do PT R$ 1 milhão para pagamento de programas de televisão de campanha, que são caríssimos.

- Jamais propus para qualquer deputado, deputada, senador, senadora, para qualquer presidente de partido, qualquer proposta que não fosse lícita, republicana.

- Não tem mensalão no Brasil. É conversa da imprensa, todos os jornais mentem, todas as revistas mentem. Os gestos do Delúbio não são de conhecimento de vossa excelência. As atividades de Marcos Valério, que foi 12 vezes à Casa Civil, vossa excelência não viu, não.

Comentário da jornalisa Dora Kramer, de O Estado de S. Paulo:

“Quem ouvisse pela primeira vez pensaria tratar-se do ministro da Pesca, não do chefe da Casa Civil, poderosíssimo, comandante de uns, integrante de outros e influente em todos os grupos de trabalho governamentais, participante ativo e explícito dos atos do PT nesse período.”
Do jornalista Clóvis Rossi, da Folha de S.Paulo:

“Que diabo de político mambembe é esse que, tendo participado do alto comando petista por 12 anos, não percebeu que os seus colegas eram capazes de praticar ‘atos’ capazes de gerar o que o próprio Dirceu chamou de ‘tragédia’ do PT?”

Rossi acrescentou: “É, diga-se, o mesmo dirigente político que conviveu durante 13 anos com um certo Waldomiro Diniz e, ainda assim, foi incapaz de notar nele qualquer tendência delinquencial, a ponto de levá-lo para o coração do governo, posição a partir da qual negociava com delinquentes”.
Roberto Jefferson denuncia: José Dirceu, com o conhecimento e o aval de Lula, articulou uma viagem de Marcos Valério e Emerson Palmieri, tesoureiro do PTB, a Lisboa. O objetivo: negociar a captação de recursos junto à Portugal Telecom, para conseguir “fundos” e pagar dívidas de campanha do PT e do PTB. O ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia (PTB-MG), segundo Jefferson, foi quem pediu socorro ao presidente da República.
O PTB precisava de dinheiro. Nasceu a operação Portugal Telecom.
Fatos denunciados: Valério e Emerson Palmieri voaram de primeira classe para a capital portuguesa, em 24 de janeiro de 2005, a fim de se encontrar com representantes do Banco Espírito Santo e com o ministro de Obras Públicas de Portugal, Antonio Mexia, que mantinha ligações com banqueiros. Valério queria se meter numa transferência de US$ 600 milhões do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil). O dinheiro estava depositado numa instituição financeira do Reino Unido e com a jogada iria para o Banco Espírito Santo. O banco é um dos principais acionistas da Portugal Telecom. A “comissão” do negócio, de R$ 100 milhões, injetaria recursos de caixa 2 para “salvar” PT e PTB. Ao final, a “solução” acabou descartada, pelo alto risco.
Reação de José Dirceu:

- Não é verdade, isso não é fato. Nunca tive relação com a Portugal Telecom, de nenhum tipo. Nem administrativa, nem funcional, nunca tratei com a Portugal Telecom, nenhuma matéria.
Reação de Marcos Valério:
- Havia o rumor de que a Portugal Telecom estava comprando a Telemig Celular. Como a minha agência DNA tinha a conta da Telemig, fui a Portugal atrás de oportunidades de negócios. Palmieri foi comigo a passeio. É amigo e estava estressado.
Emerson Palmieri iria negar, como veremos.
Reação do Palácio do Planalto: em nota oficial, admitiu as visitas de dois representantes da Portugal Telecom a Lula, em Brasília. Agenda do encontro: “novos investimentos no Brasil”. Da nota: “Em nenhum momento foi tratado qualquer assunto que não se referisse aos empreendimentos da companhia portuguesa no Brasil”.
Marcos Valério depõe à Procuradoria-Geral da República. Afirma que se encontrou três vezes com o ex-ministro José Dirceu (PT-SP), no Palácio do Planalto. Ele faz menção a contratos de gaveta, fechados com Delúbio Soares. Uma espécie de garantia para os bancos Rural e BMG, que teriam emprestado R$ 55,8 milhões ao PT.

Valério entrega cópia de documento assinado por Delúbio, dirigido ao BMG. O tesoureiro do PT assumia “o compromisso irretratável e irrevogável de garantir, como avalista e devedor solidário”, todas as operações de empréstimos firmadas com o PT e as empresas ligadas a Valério, a saber: DNA, SMPB, Graffiti e Rogério Tolentino Associados.

Os procuradores ficam intrigados. Delúbio Soares, um homem sem grandes posses, foi aceito como avalista de empréstimos milionários. O BMG também emprestou R$ 83,4 milhões às empresas de Marcos Valério, entre fevereiro de 2003 e abril de 2004.

Um momento do depoimento de Valério chama atenção: o empresário informa que R$ 4,9 milhões foram entregues, em dinheiro vivo, nas sedes do PT em São Paulo e em Brasília.

Por fim: os advogados Aristides Junqueira e Pedro Fonseca, contratados para defender o PT no caso da morte do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel (PT), receberam R$ 185 mil em recursos do chamado valerioduto. O dinheiro que pagou os advogados, portanto, não tinha nada a ver com as tais dívidas de campanha.

Cai Márcio Araújo de Lacerda (PSB-MG), secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional. Amigo do ministro Ciro Gomes (PSB-CE), era seu assessor mais importante.

Em 2002, foi coordenador financeiro da campanha de Ciro Gomes, então no PTB, à Presidência da República. Em 2008, Márcio Lacerda seria eleito prefeito de Belo Horizonte, apoiado pelo PT e pelo PSDB. O nome de Márcio Lacerda apareceu na lista do valerioduto, beneficiário de R$ 457 mil. Segundo ele, o dinheiro pagou a agência de publicidade que fez a campanha de Ciro a presidente:

- A campanha do Ciro terminou sem dívida e, no segundo turno, com o apoio à candidatura de Lula, houve uma junção das equipes na campanha do PT. O pessoal da agência New Trade, responsável pelo marketing de Ciro, integrou-se, a convite de Duda Mendonça, à campanha do PT e dos aliados nos Estados. O dinheiro foi depositado na conta da agência, não podia imaginar que tinha esse esquema todo.

O empresário Jacome Einhart, dono da New Trade, confirma e descreve o telefonema que deu ao publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha eleitoral de Lula:
- Liguei para o Duda e dei os parabéns pela vitória, e ele me chamou para ajudar no segundo turno.

O dinheiro do caixa 2 do PT repassado à New Trade saldou despesas da campanha de Lula à Presidência da República. Fato grave, mas sem os desdobramentos que poderiam ter ocorrido, nem as implicações merecidas.

Depoimento do ex-secretário de Segurança Nacional do governo Lula, Luiz Eduardo Soares, à CPI dos Bingos. Ele ouviu do empresário de jogos Sérgio Canozzi, em 2002, que o ex-presidente da Loterj do Rio, Waldomiro Diniz, levantava R$ 300 mil mensais de propina.
Sérgio Canozzi também teria oferecido suborno de R$ 10 milhões para a governadora do Rio, Benedita da Silva (PT), num esquema de desvio de dinheiro público. Luiz Eduardo Soares garante que denunciou a “oferta” ao secretário de Coordenação de Governo de Benedita da Silva, Marcelo Sereno, aliado de José Dirceu (PT-SP). Mais: fez três tentativas para contar o caso diretamente à governadora, mas ela desconversou. Waldomiro Diniz continuou na presidência da Loterj. Da governadora Benedita a Luiz Soares:
- Você deveria ser mais construtivo, e não ficar me trazendo mais problemas.
Dia 82
3/8/2005 A operação Portugal Telecom. Notícia do jornal Expresso, de Lisboa: o ex-ministro de Obras Públicas de Portugal, Antonio Mexia, recebeu Marcos Valério, “na qualidade de consultor do presidente do Brasil”. O encontro, em outubro de 2004, teve caráter “de cortesia”, com duração de 15 minutos. A conversa, “de circunstância”, não teve “tema específico”.
Em nota, a Presidência da República nega, “enfaticamente”. Afirma que Marcos Valério não foi autorizado a representar Lula. Mas é fato: Valério foi recebido em audiência pelo ministro José Dirceu (PT-SP), em 11 de janeiro de 2005, 13 dias antes da viagem a Lisboa, em companhia do tesoureiro do PTB, Emerson Palmieri. Para anotar: Valério foi ao encontro de Dirceu com o representante do Banco Espírito Santo no Brasil, Ricardo Espírito Santo. Ele é primo do presidente do banco, Ricardo do Espírito Santo Salgado. Dados em poder da CPI dos Correios mantêm registro de que Ricardo do Espírito Santo Salgado esteve no Brasil no fim de 2004, para jantar com Delúbio Soares.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Autor do Livro: Jornalista Ivo Patarra
CAPÍTULO 6 CONTINUAÇÃO (Parte 17)


nos postos que lhe interessavam, mantinha sob rígido controle. É ingenuidade achar que não sabia a origem dos recursos. Até porque o Delúbio não tem capacidade, nem origem, formação, preparo nem nada para montar um aparelho desse tipo. Vamos ser realistas. É um sindicalista do interior de Goiás, professor de carreira do Estado, neófito em São Paulo, nunca circulou nas rodas do poder e de repente adquire amizade sólida com um grande operador chamado Marcos Valério. É piada achar que fez isso da cabeça dele.
Sobre Lula:
- O Lula sempre geriu de perto as questões que envolvem sua relação de poder. Claro que não vai estar mandando fazer, mas saber, ele sabia. Não os detalhes. Comparando com a época que estourou o negócio do Teixeira: a primeira pessoa que soube foi Lula. Eu levei para ele, pessoalmente. E o tempo todo fingiu que não sabia. Evidentemente que Lula não operava, assim como não está operando hoje. Mas como ele sabia naquela época, ele sabe hoje, sempre soube.
77
29/7/2005 Depoimento à Polícia Federal. É de João Cláudio Genu, assessor do deputado José Janene (PP-PR). Ele admite que fez vários saques em dinheiro vivo na agência do Banco Rural no Brasília Shopping. De setembro de 2003 e janeiro de 2004, foram R$ 850 mil em retiradas. Genu agiu por determinação de Janene e dos deputados Pedro Corrêa (PPPE) e Pedro Henry (PP-MT).
Genu nega que distribuiu dinheiro do mensalão a deputados do PP. Apenas transportou somas, como uma espécie de “mula”. Segundo Genu, ele pegava o dinheiro dentro da agência, em envelopes entregues por Simone Vasconcelos, executiva de Marcos Valério. Tudo ia para dentro de uma pasta tipo 007, sem conferir. Da agência bancária, Genu ia para o anexo do Senado, onde estão a presidência e a sede do PP. Lá funcionava uma espécie de tesouraria do PP.
A Polícia Federal monta esquema para proteger a vida de Soraya Garcia. Ela cuidou das finanças da campanha de Nedson Micheletti (PT) à Prefeitura de Londrina (PR) em 2004.
Militante do PT, acabou denunciando a sonegação de R$ 6,5 milhões nos gastos da campanha apresentados pelo PT à Justiça Eleitoral. Ela acusa o envolvimento do então deputado Paulo Bernardo (PT-PR), nomeado depois ministro do Planejamento de Lula, e de outro deputado, André Vargas (PT-PR). Declaração do promotor eleitoral Sérgio Correia de Siqueira sobre o caixa 2 que reelegeu Nedson Micheletti, com referências ao ministro Paulo Bernardo e ao deputado André Vargas:

- O que ela fala é que eles chegavam de Brasília num dia e o dinheiro aparecia no outro. O dinheiro surgia dentro de sacos plásticos de lixo ou em sacolas de lojas. Oficialmente, a campanha custou R$ 1,3 milhão. De acordo com os números de Soraya Garcia, foram R$ 7,8 milhões. Ela relatou ao promotor que foi incumbida de fazer duas planilhas de despesas.
Uma, em letras azuis, a oficial. A outra, em vermelho, mostrava o caixa 2.
Depois que os documentos eram impressos, os arquivos tinham de ser apagados do computador.
Soraya Garcia põe no rolo o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho (PT-SP). Ele é natural da mesma Londrina. Gilberto Carvalho foi procurado várias vezes para dar socorro financeiro à campanha de Nedson Micheletti. Olha a coisa batendo na porta de Lula, novamente.
Em entrevista ao repórter Sérgio Gobetti, do jornal O Estado de S. Paulo, o deputado João Magno (PT-MG), ex-prefeito de Ipatinga (MG), confessa que errou ao receber R$ 50 mil do valerioduto em 2003. Diz que o dinheiro foi usado para pagar dívidas de campanha do ano anterior:
- Não declarei. Não digo que a gente não deva respeitar a lei, mas se não jogar as regras do jogo tem de deixar a política. Recebi consciente de que era desvio da lei, mas essa é a regra do jogo no Brasil.
João Magno apresentou Marcos Valério, um velho conhecido, aos deputados João Paulo Cunha (PT-SP) e José Mentor (PT-SP). Valério também tinha bom relacionamento com o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG). Agora, essa: para obter dinheiro do caixa 2 do PT, o petista João Magno procurou Valério, e não Delúbio Soares. A confissão:

- Foi quando perguntei se era possível ele liberar algum dinheiro, para pagar dívidas da minha campanha. Ele disse que dependia de ter o consentimento do Delúbio. Ele não entregaria dinheiro sem autorização do PT.

Em 2002, antes de conversar com Marcos Valério, João Magno já havia ido a Delúbio Soares procurar “ajuda financeira”. É revelador:
- Ele disse que ia ver o que era possível fazer. Naquele momento achei uma providência bastante solidária dele. Esse assunto não era discutido no Diretório Estadual, mas cada deputado sabia que existia essa fonte de ajuda.
78
30/7/2005 Um documento do Banco Rural autorizava Roberto Marques, o “Bob”, amigo e uma espécie de ajudante-de-ordens do deputado José Dirceu (PT-SP), a sacar R$ 50 mil.
O dinheiro, da SMPB. A matéria está na revista Veja. A prova, um fax, veio em papel timbrado do Banco Rural, endereçado à agência da avenida Paulista, em São Paulo, em 15 de junho de 2004. Bob trabalhava na Assembléia Legislativa de São Paulo, não muito longe da agência da avenida Paulista.

O saque vivo dos R$ 50 mil foi no dia seguinte. Mas quem fez foi um certo Luiz Carlos Manzano, sob suspeição de trabalhar como contador na Bônus-Banval. A corretora teria dado um emprego a Michele Janene, filha do deputado José Janene (PP-PR). José Dirceu e Bob negam. Não sabem nada sobre o saque de R$ 50 mil. A revista:

“A confirmação de que o Roberto Marques do documento do Rural é o mesmo Bob ajudante de Dirceu foi dada a Veja na última sexta-feira pelo deputado Carlos Abicalil (PTMT).

Sub-relator da CPI dos Correios, o parlamentar contou que foi procurado pelo próprio Marques na semana retrasada para tentar esclarecer o aparecimento de seu nome nos documentos contábeis do Banco Rural. Segundo o deputado, o assessor repassou o número de sua identidade e do CPF, para que ele pudesse conferir com os documentos em poder da CPI. O resultado da pesquisa, nas palavras do deputado, foi o seguinte: ‘O número do RG conferia. Só não conferia o saque’, diz.”
Publicada a reportagem, Simone Vasconcelos, diretora administrativa e financeira da SMPB, confirma: Roberto Marques, o Bob de José Dirceu, recebeu mesmo autorização para o saque de R$ 50 mil. Carlos Abicalil evita a imprensa e não fala mais sobre o assunto.
Deve ter tomado uma bronca.
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1/8/2005 Marcos Valério faz tremer. Simone Vasconcelos depõe na Polícia Federal, em Brasília. Fornece uma lista elaborada por Valério, com os nomes de 31 pessoas. Traz os sacadores e beneficiários do mensalão. Todos autorizados pelo PT a fazer retiradas em dinheiro.
Total que saiu das contas bancárias das empresas de Valério: R$ 55,8 milhões. Um esclarecimento: nem sempre os beneficiários foram pegar quantias em cédulas no banco.
Os mais espertos mandaram assessores e familiares. Eis os principais nomes da lista, com os respectivos valores agraciados, por ordem de grandeza:

Duda Mendonça, publicitário e marqueteiro de Lula, responsável pela campanha eleitoral vitoriosa de 2002, R$ 15,5 milhões. Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, R$ 10,8 milhões. Diretório Nacional do PT, R$ 4,9 milhões. Deputado José Janene (PP-PR), R$ 4,1 milhões. Deputado Vadão Gomes (PP-SP), R$ 3,7 milhões. Manoel Severino dos Santos, presidente da Casa da Moeda e ligado ao PT do Rio de Janeiro, R$ 2,6 milhões.

Emerson Palmieri, tesoureiro do PTB, R$ 2,4 milhões.
Tome fôlego: deputado José Borba (PR), líder do PMDB, R$ 2,1 milhões. Marcelino Pies, tesoureiro do PT do Rio Grande do Sul, R$ 1,2 milhão. Anderson Adauto (PL-MG), ex-ministro dos Transportes de Lula, R$ 1 milhão. José Carlos Martinez, falecido ex-presidente do PTB, R$ 1 milhão. Deputado Paulo Rocha (PT-BA), R$ 920 mil, bem mais, portanto, que os R$ 420 mil identificados anteriormente.
Rodrigo Barroso Fernandes, ex-secretário do prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT-MG), também está na lista de Marcos Valério, agraciado com R$ 774 mil.

Márcio Araújo de Lacerda, secretário-executivo do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PSB-CE), pegou R$ 457 mil. Roberto Costa Pinho, assessor do ministro da Cultura, Gilberto Gil, R$ 450 mil. Deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ), R$ 400 mil.
E mais estes aqui, imperdíveis: Raimundo Ferreira da Silva Júnior, do PT do Distrito Federal, R$ 370 mil. Deputado João Magno (PT-MG), R$ 350 mil. Deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), R$ 350 mil. Deputado José Nobre Guimarães (PT-CE), o irmão de José Genoino, R$ 250 mil. Vilmar Lacerda, presidente do PT do Distrito Federal, R$ 235 mil. Deputado Paulão (PT-AL), presidente do PT de Alagoas, R$ 160 mil. Deputado Josias Gomes (PT-BA), R$ 100 mil. Deputado João Paulo Cunha (PT-SP), R$ 50 mil. José Adelar Nunes, tesoureiro do PT de Santa Catarina, R$ 50 mil. E deputado Professor Luizinho (PT-SP), R$ 20 mil.
A estratégia de Valério: convencer a Polícia Federal de que a lista dos R$ 55,8 milhões tem origem em empréstimos bancários, e que o dinheiro foi totalmente repassado, por meio de caixa 2, a pessoas indicadas pelo PT. Valério queria um acordo, o benefício da delação premiada. Um abrandamento de penas, para evitar possível condenação. Em troca, forneceria informações.
Mais alguns pedidos de Valério: ele não quer ser preso e quer o desbloqueio de R$ 1,8 milhão, aplicado no nome da mulher, Renilda Santiago.
Valério mantém pressão sobre o PT. Quer negociar, ser protegido. Por ora, ameaça: pode revelar os detalhes de suposta reunião entre cinco integrantes do PT e o vice-presidente do BMG, Roberto Rigotto. O encontro teria ocorrido durante o período de votação da Medida Provisória 130, que tratou de crédito consignado para aposentados. História enroladíssima, como se verá adiante. De qualquer forma, Valério jamais falou publicamente dos tais detalhes, durante a crise do escândalo do mensalão. Provavelmente, porque conseguiu o que desejava. Com o negócio, o BMG obteve exclusividade para operar créditos consignados, durante alguns meses. Fez um dinheirão.
Outro petardo: escancarados bastidores da relação entre Marcos Valério e José Dirceu (PT-SP), o superministro do presidente Lula. A psicóloga Maria Ângela Saragoça, ex-mulher de Dirceu, foi contratada pelo BMG em 2003. Trabalhava meio expediente em uma agência em São Paulo, por R$ 3.265. Um mês depois, obteve empréstimo de R$ 42 mil do Banco Rural.
O dinheiro foi usado para pagar parte do apartamento comprado por ela no tranquilo bairro de Perdizes, em São Paulo. Antes de comprá-lo, porém, Maria Ângela teve de vender o antigo imóvel, situado na Vila Madalena. Quem o comprou por R$ 115 mil foi o advogado Rogério Tolentino, sócio de Marcos Valério. Depois, alugou-o a Ivan Guimarães, petista que ocupou a presidência do Banco Popular do Brasil. O apartamento novo custou R$ 150 mil. O vendedor do imóvel concedeu entrevista ao jornal Estado de Minas. Maria Ângela foi comprá-lo com dinheiro vivo, trazido numa sacola.
Para anotar: a DNA, de Marcos Valério, fez campanha de lançamento do Banco Popular, braço do Banco do Brasil, sem licitação. Custos da campanha: R$ 25 milhões. O BMG aproveitou os bons ventos no governo Lula e fez lucrativa parceria com a Caixa Econômica Federal e o INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) para operar sistema de créditos consignados.
Voltando à ex-mulher de José Dirceu. O ministro pediu emprego a Valério para ela, logo após a posse de Lula. A notícia sai no Correio Braziliense. Dirceu não quer falar sobre o assunto.
Maria Ângela divulga nota: diz que foi apresentada a Marcos Valério por Silvio Pereira, um velho conhecido, de mais de 20 anos. Dirceu, segundo ela, não tem nada a ver com isso:
“Em setembro de 2003, encontrei-o (Silvio Pereira) em companhia do senhor Marcos Valério, a quem fui apresentada. Conversamos sobre minha situação profissional e o publicitário mineiro se colocou à disposição para me indicar alguma empresa que eventualmente necessitasse de meus serviços. Também disse que tinha contatos se eu precisasse de financiamento para a compra do novo apartamento.”
Renuncia o deputado Valdemar Costa Neto (PL-SP). Ele preferiu perder o        mandato a correr o risco de ficar inelegível até 2015, caso fosse cassado por envolvimento no escândalo do mensalão. Ficou livre para se candidatar em 2006.                Valdemar Costa Neto não abriu mão do cargo de presidente do PL.
De Roberto Busato, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil):
- A renúncia não pode ser um salvo-conduto para a impunidade.

domingo, 27 de junho de 2010

Autor do Livro: Jornalista Ivo Patarra
CAPÍTULO 6 CONTINUAÇÃO (Parte 16)


a dívida de R$ 29.436,26 foi de R$ 12 mil, e o depósito efetuado em 30 de dezembro de 2003, ao final do primeiro ano do governo Lula.
No mesmo dia, coincidência! Extratos bancários do PT encaminhados ao mesmo TSE revelam um depósito on line na conta do Diretório Nacional. Nos extratos aparece o nome da funcionária Solange Pereira Oliveira, da tesouraria do PT. O nome dela também faz parte da lista dos sacadores de dinheiro das contas de Marcos Valério. Retirou R$ 100 mil, em dinheiro vivo.
A grande dúvida, que perdurava: a dívida de Lula teria sido paga com dinheiro de caixa 2, das contas de Valério? Outra informação, apurada pelos repórteres Marta Salomon e Rubens Valente: no mesmo dia 30 de dezembro de 2003, um saque na conta da SMPB de Valério. Não há identificação a respeito. O nome do sacador desapareceu do interior da sala da CPI dos Correios. Intrigante. Quem desapareceu também foi Solange Pereira Oliveira.
Sumiu da sede do PT. A nova direção do PT não se manifesta a respeito.
Surgem indícios contra mais um deputado do PT. O Professor Luizinho (PT-SP) também usufruiu os serviços de caixa 2 de Marcos Valério. Ex-líder do governo Lula na Câmara dos Deputados, Luizinho é ligado a José Dirceu (PT-SP). O parlamentar, no entanto, manda Rosana Lima, sua solícita chefe de gabinete, negar qualquer problema: José Nilson dos Santos, identificado entre os sacadores do esquema do mensalão, não é o José Nilson dos Santos que trabalha para o Professor Luizinho. Trata-se de um homônimo. O José Nilson dos Santos assessor, segundo a chefe de gabinete, trabalha em Santo André (SP). “Nunca esteve em Brasília com a finalidade de sacar dinheiro no Rural. Não sacou R$ 20 mil de forma alguma”.
O deputado José Borba (PMDB-PR) vai para o noticiário. Ele não aparece como sacador, nem funcionários dele aparecem como sacadores. Mas José Borba esteve no Banco Rural em Brasília, no mesmo dia e horário que Simone Vasconcelos, a fiel executiva de Marcos Valério.
Em 26 de novembro de 2003, Simone Vasconcelos fez quatro saques, num total de R$ 400 mil. De acordo com o sistema de controle, José Borba entrou no prédio apenas dois minutos antes de Simone Vasconcelos. Saiu cinco minutos depois. Uma semana na frente, em 3 de dezembro: Borba e Simone, novamente. No mesmo dia, no mesmo Banco Rural.
Cenas de cinema.

Em viagem ao Rio, Lula ridiculariza as investigações sobre o mensalão:
- O que o povo quer mesmo é resultado. É saber se, no frigir dos ovos, a sua vida vai estar melhor do que quando nós entramos no governo.
Em outras palavras, Lula defende o “rouba, mas faz”.
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23/7/2005 A revista Época acusa o deputado Abi-Ackel (PP-MG), relator da CPI do Mensalão.
Ele teria ligações com Marcos Valério, que doou R$ 100 mil à campanha dele para deputado federal, em 1998. O filho do parlamentar, Paulo Abi-Ackel, recebeu R$ 50 mil de Marcos Valério.
Abi Ackel dá entrevista. Não se lembra do fato, ocorrido sete anos atrás. Mas nega que as supostas doações possam prejudicar o trabalho do relator:
- Estou apurando o mensalão, que pressupõe uma contribuição periódica para votar com o governo. Em 1998, era outra situação.

Em seguida, a explicação: a contribuição de Marcos Valério foi recebida não por ele, mas pelo setor financeiro da campanha de Eduardo Azeredo (PSDB), candidato à reeleição ao Governo de Minas Gerais naquele ano. O depósito teria sido ordenado por Cláudio Mourão, o tesoureiro da campanha.
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25/7/2005 A CPI dos Correios identifica novos depósitos milionários. Beneficiam a corretora Bônus-Banval, relacionada ao deputado José Janene (PP-PR). Num primeiro momento apareceram saques efetuados no Banco Rural, num total de R$ 305 mil, destinados a pessoas ligadas à empresa. Desta vez a Bônus-Banval aparece por ter recebido R$ 2,9 milhões da empresa 2S, de Valério, por meio de sete transferências eletrônicas do Banco do Brasil.
Surgem também depósitos suspeitos de R$ 6 milhões na conta de uma tal Guaranhuns Empreendimentos, Intermediações e Participações. São transferências por meio de cheques do Banco Rural. Para constar: Garanhuns (PE) é a cidade de nascimento do presidente Lula.
No endereço registrado da Guaranhuns, em Santana do Parnaíba (SP), apenas um terreno baldio, usado pela garotada do lugar como campinho de futebol.
O deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) admite o recebimento de R$ 102 mil do valerioduto. O dinheiro veio da conta da SMPB no Banco Rural, em 31 de agosto de 2004.
Romeu Queiroz assegura: o repasse não ficou com ele, mas foi transferido para candidatos às eleições daquele ano do interior de Minas Gerais, filiados ao próprio PTB e ao PT. O deputado não fornece nomes.
Mais um beneficiário do caixa 2 do PT. É o secretário de Finanças do PT de Minas Gerais, Carlos Magno Ribeiro Costa. Recebeu R$ 90 mil.

Jorge Moura, ex-presidente da Refer, o fundo de pensão dos ferroviários, acusa: Marcelo Sereno, homem de confiança de José Dirceu (PT-SP), tentou influenciar investimento de R$ 1,4 bilhão da Refer. Para Jorge Moura, Marcelo Sereno trabalhou para direcionar as aplicações do fundo de pensão em benefício dos bancos Rural, BMG, Santos e Pactual.

Ele denuncia outras pressões, vindas do deputado Carlos Santana (PT-RJ). A mulher dele, Tânia Santana, ocupava cargo na diretoria da Refer. Do esquema participariam Cristina Montemor, presidente do Conselho Deliberativo da Refer, ligada a Carlos Santana e a Juarez Barroso, integrante do PT e secretário de Administração da Prefeitura de Nova Iguaçu (RJ).
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26/7/2005 Depoimento à CPI dos Correios. É de Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza, mulher de Marcos Valério e sócia das agências de publicidade DNA e SMPB. Ponto alto do que ela diz: o ex-ministro José Dirceu (PT-SP) participou de negociações que culminaram com dois empréstimos concedidos pelos bancos Rural e BMG ao PT. Ambas as operações financeiras foram avalizadas por Marcos Valério.
Renilda Santiago dá detalhes: José Dirceu viajou a Belo Horizonte no fim de 2004, para se reunir com dirigentes do Banco Rural e discutir empréstimos para o PT. O encontro foi no hotel Ouro Minas. Segundo ela, o ex-ministro também esteve com diretores do BMG em Brasília.

Por meio de nota, José Dirceu admite que manteve encontros com executivos dos dois bancos, mas nega ter tratado de empréstimos ao PT. De acordo com a assessoria de José Dirceu, a conversa com diretores do BMG, no Palácio do Planalto, tratou exclusivamente da conjuntura econômica.

A agenda do Ministério da Casa Civil informa, ainda, que houve uma terceira reunião, em agosto de 2003, também em Brasília, com Kátia Rabelo, presidente do Banco Rural.
Durante os 30 meses em que permaneceu à frente da Casa Civil, José Dirceu confirma encontros com dirigentes de apenas quatro bancos: Rural, BMG, Bradesco e Citibank.
Não foi só o jipe Land Rover de Silvio Pereira. A GDK, contratada da Petrobras, também empregou Mônica Wagner, filha do ministro das Relações Institucionais de Lula, Jaques Wagner (PT-BA). Ela trabalha na empresa desde maio de 2004. Na época, o pai comandava o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, nomeado por Lula. Em 2002, a GDK doou R$ 225 mil para a campanha do PT na Bahia. Jaques Wagner era candidato a governador.

Perdeu. Em 2006, Wagner elegeu-se governador.
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27/7/2005 Apesar das negativas, José Nilson dos Santos é mesmo assessor do deputado Professor Luizinho (PT-SP), ex-líder do governo Lula na Câmara dos Deputados. Sacou R$ 20 mil em dinheiro, de conta bancária da SMPB de Marcos Valério. Foi em 23 de dezembro de 2003, no Banco Rural. Deixou o número do RG na agência. Reação do Professor Luizinho:
- Alguém está montando documentação falsa. Vou processar todos.

Em Santo André (SP), o assessor confirma o RG, mas se diz surpreso:

- Não sei o que aconteceu. Nunca entrei em uma agência do Banco Rural. Nem aqui nem em Brasília.
José Nilson dos Santos está na lista de 11 pessoas indicadas pelo PT a Marcos Valério.
Todas autorizadas a fazer saques de dinheiro do caixa 2 do partido. Já faz sete anos que José Nilson dos Santos trabalha com Luizinho.
Dia seguinte, Luizinho admite, finalmente: José Nilson dos Santos sacou mesmo R$ 20 mil da conta da SMPB, no Banco Rural. Em nota à imprensa, o deputado reconheceu: o assessor se lembrou de um deslocamento para uma agência bancária, em São Paulo, em dezembro de 2003:
“No final de 2003, procurei o senhor Delúbio Soares para tratar deste assunto. Ele me orientou que retirasse o valor de R$ 20 mil em uma agência bancária na avenida Paulista. Só fui me dar conta que era o Banco Rural agora.”
Luizinho, aguerrido defensor do governo Lula, justifica os R$ 20 mil, dez meses antes das eleições de 2004:
- O dinheiro foi usado na preparação de pré-campanhas de vereadores em municípios paulistas.
O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), envia ofício ao Conselho de Ética da Câmara. Confirma que alertou Lula sobre o esquema de pagamentos a parlamentares, em 5 de maio de 2004. Diz o documento:
“Relatei ao senhor presidente que ouvira rumores sobre a existência de mesada a parlamentares em conversas informais em Brasília, porém sem provas concretas. Repeti o inteiro teor das informações que havia recebido. O senhor presidente disse que não tinha conhecimento e que ia tomar as providências que o assunto requeria. Não sei quais foram as providências tomadas.”
Marconi Perillo aponta duas testemunhas da conversa. Estavam dentro do carro em que manteve diálogo com Lula o motorista e o chefe da segurança do presidente. Como se sabe, os dois não seriam convocados a depor na CPI.
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28/7/2005 Análise da movimentação das contas bancárias das empresas de Marcos Valério alimenta as provas do esquema de corrupção. Novas revelações vêm a público: o deputado João Magno (PT-MG) recebeu duas transferências eletrônicas da SMPB, por meio do Banco Rural. Um total de R$ 29 mil, em agosto e setembro de 2004. Por meio da assessoria, explicações, com a mesma ladainha: João Magno nunca teve contato com a SMPB, mas pediu ajuda financeira ao tesoureiro do PT, Delúbio Soares, para saldar compromissos assumidos durante as eleições de 2002. Delúbio autorizou.
Outro que se apresenta para tentar explicar, o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG). Os R$ 50 mil depositados na conta dele, transferidos eletronicamente em agosto de 2004 da conta da SMPB no Banco Rural, fizeram parte das doações de campanha daquele ano.

Vieram da empresa siderúrgica Usiminas, que teria contribuído para a eleição de Queiroz com R$ 102 mil. A SMPB, portanto, apenas teria repassado o dinheiro, imediatamente encaminhado por Queiroz, por sua vez, a candidatos a vereador de seis partidos, em 20 cidades.
Quanto aos R$ 50 mil depositados diretamente em sua conta, foi um engano cometido por um assessor. Diz Romeu Queiroz:

- Não fiquei com nada.

Levantamento identifica novos saques de R$ 300 mil atribuídos a Jacinto Lamas, o tesoureiro informal do PL. O dinheiro foi repassado por meio da conta da SMPB no Banco Rural. Existem R$ 1,6 milhão em retiradas em nome de Jacinto Lamas. O irmão dele, Antônio de Pádua Lamas, assessor do PL, também fez um saque, de R$ 350 mil. Esteve no Banco Rural, em Brasília, em 7 de janeiro de 2004, por 14 minutos. Das 14h22 às 14h36.

Atualização de somas acrescenta mais R$ 1,6 milhão aos saques atribuídos ao policial mineiro David Rodrigues Alves. Os novos cálculos chegam a R$ 6,5 milhões. Identificados mais R$ 100 mil sacados por Roberto Pinho, assessor do PT. No total, ele retirou R$ 450 mil.

Célio Siqueira, assessor do deputado Vanderval dos Santos (PL-SP), sacou outros R$ 150 mil.
Dados atualizados mostram que a empresa Guaranhuns recebeu R$ 7,1 milhões. A origem do dinheiro: cheques emitidos por empresas de Marcos Valério via Banco Rural, na agência do Brasília Shopping. Aberta mais uma investigação: a CPI dos Correios suspeita que a Guaranhuns é uma empresa de fachada, utilizada para lavar dinheiro e remeter ilegalmente divisas para o exterior. 99% do capital da empresa estão nas mãos de uma offshore chamada Esfort Trading, sediada no Uruguai. Outra suspeita: os R$ 7,1 milhões foram parar nas mãos do tesoureiro Jacinto Lamas, que repassou a soma ao deputado Valdemar Costa Neto (SP), presidente nacional do PL.
Entrevista com o economista Paulo de Tarso Venceslau. Ele relata ao repórter Luiz Maklouf, do jornal O Estado de S. Paulo, esquema de corrupção, de 1995, cujo operador era o advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula. Roberto Teixeira representava a Cpem (Consultoria para Empresas e Municípios). Por ter denunciado a trama, Venceslau foi expulso do PT em 1998. Para ele, Roberto Teixeira era o Marcos Valério da época:
- Ele era o grande operador. Ele se apresentava nas prefeituras em nome do Lula, para pegar dinheiro para o PT.
Paulo de Tarso Venceslau conversou pessoalmente com Lula, naquele ano de 1995. Queria alertá-lo para os métodos ilícitos de Roberto Teixeira:
- Lula foi o primeiro a saber do caso. Sabia do comprometimento do seu compadre, sabia o volume de dinheiro público envolvido, e fez questão não só de acobertar, mas de punir quem tinha descoberto.
Definição de Paulo de Tarso Venceslau: Lula é um caudilho, “e o partido se ajoelha diante dele. Esse ajoelhar foi mortal para o PT”:
- O poder do Lula passou a ser quase que absoluto diante da máquina partidária. O partido se ajoelhou.
Em seguida, o economista fala do deputado José Dirceu (PT-SP):
- Até então aparentava manter uma velha amizade comigo, mas passou a ser meu algoz.
Naquele momento ele provou ao Lula sua extrema lealdade. Um caudilho com esse poder, um partido de joelhos e um executor como o Zé Dirceu, só podia levar a isso que estamos vendo hoje.
- Como pôde ser possível a montagem dessa máquina de dinheiro, o valerioduto,  dentro do PT?
- Silvio, Delúbio, essas pessoas foram postas no entorno de Dirceu. Silvinho, por exemplo, sempre foi uma pessoa medíocre no PT. Foi alçado a dirigente pelo Zé Dirceu e virou pau-mandado. Assim como o Delúbio. São pessoas que raciocinam muito pouco, não precisam pensar muito. Tinham de executar.
- Paus-mandados de quem?
- Do Zé Dirceu, que era o grande comandante, o grande chefe desse pessoal. Quem mandava e desmandava era Dirceu. A máquina partidária era controlada a mão-de-ferro por ele.
- Delúbio Soares afirma que Dirceu não sabia do esquema.
- Isso é conversa para boi dormir. Zé Dirceu controlava o partido, colocava as pessoas 

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Autor do Livro: Jornalista Ivo Patarra
CAPÍTULO 6 CONTINUAÇÃO (Parte 15)


A confissão de Simone Vasconcelos choca. Sozinha, ela sacou R$ 6,1 milhões de contasde Valério no Banco Rural. Os números foram apurados pela CPI dos Correios e são irrefutáveis. Simone Vasconcelos entregou pacotes de dinheiro a desconhecidos. Ela pagava o mensalão a pessoas mandadas por Valério à agência do Rural em Brasília. Os apressados pegavam os pacotes, sem conferir, e punham o conteúdo em pastas executivas.
Simone Vasconcelos não tem a mínima ideia do destino do dinheiro, mas confessa: sentia-se “constrangida e preocupada de estar sendo identificada por desconhecidos”, e também por estar “entregando altas somas de dinheiro para estes, sem ao menos saber quem eram”.
Numa ocasião, Marcos Valério queria saber a cor da blusa de Simone Vasconcelos, “para que fosse identificada pelo estranho que deveria receber o dinheiro”. Os valores variavam de R$ 50 mil a R$ 300 mil, sendo que, em algumas ocasiões, ela teve de levar altas somas até as mãos de Valério, em hotéis de luxo. Uma vez, carregou o dinheiro até um táxi que já a esperava na frente de um centro de compras em Brasília.

Mais números contra Marcos Valério. Dos R$ 836 milhões faturados nos últimos seis anos pelas 14 empresas nas quais o nome do empresário aparecia como sócio, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, do Ministério da Fazenda) descobre: R$ 500 milhões não tiveram origem identificada. E surge mais um braço financeiro de Marcos Valério: o BRB (Banco de Brasília), pelo qual passaram, em dois anos, R$ 100 milhões. É dinheiro atribuído às chamadas “contas lavanderia”.
As movimentações são descritas como atípicas. Depósitos e transferências imediatas, que vão de R$ 20 mil e R$ 120 mil cada uma, feitas pelo sistema TED (Transferência Eletrônica Direta). O dinheiro é posto instantaneamente nas contas dos beneficiados.

Em cinco anos, Valério pagou R$ 26 mil de Imposto de Renda. Dinheiro para comprar um carro popular. Nada. Para o fisco, o empresário tem renda média mensal pouco superior a R$ 5.000. O patrimônio declarado de Valério, porém, é de R$ 18,5 milhões. 80% dos bens, nos nomes da mulher, Renilda de Souza, e dos filhos do casal. Em 2004, Valério pagou apenas R$ 2.800 em impostos. Em 2005, R$ 3.000. Um espanto.Com estrela do PT na lapela, o tesoureiro Delúbio Soares depõe à CPI dos Correios.
Protegido por habeas-corpus, não pode ser preso. Ao longo de todo o escândalo, como se verá, Delúbio Soares agiu sempre como um grande escudo, protegendo Lula e a cúpula do PT. Ele isenta o governo e integrantes do PT de quaisquer responsabilidades pelas transações financeiras com Marcos Valério. Assume todos os eventuais erros. Mata no peito.
Orientado por advogados, evita falar em caixa 2:
- Não existe caixa 2, existe dinheiro não-contabilizado.
Delúbio Soares nega a existência do mensalão. Deixa dúvidas:
- Eu definia quem iria receber o dinheiro. Quem definia o método de pagamento do dinheiro era o Marcos Valério. Eu não sei como era feita a entrega do dinheiro.

E foi assim que tudo começou, segundo a versão de Delúbio Soares: Marcos Valério se ofereceu para pagar as dívidas de campanha, “eu concordei”. Simples assim. Tudo “na base da confiança”. Sem documentos ou contratos, sem que ninguém do partido tivesse conhecimento.

E como devolver os quase R$ 40 milhões que foram emprestados dos bancos? O tesoureiro do PT provoca risos dos parlamentares presentes à sessão com a resposta que dá:

- Estou diante de um grande problema, e preciso resolvê-lo o mais rápido possível.

Delúbio Soares esquiva-se de responder sobre a quantia de R$ 29.436,26, dinheiro emprestado pelo PT ao presidente Lula, em 2003. O dinheiro vai dar muito pano para manga.
Por ora, a informação: no livro-caixa do PT, oficialmente entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o dinheiro foi quitado em quatro parcelas. Diz o tesoureiro:
- Nossa prestação de contas é rigorosa. 
Questionado sobre a legalidade do ato, encerra o assunto:

- Não convém me pronunciar.

Depoimento à Comissão de Ética da Câmara dos Deputados. Maria Christina Mendes Caldeira, ex-mulher do deputado Valdemar Costa Neto (SP), presidente do PL, faz relato sobre a conversa telefônica entre o ex-marido e o deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ), na qual os dois trataram de operação financeira para atrair deputados à bancada do PL.

- Ouvi a conversa e vi o dinheiro, guardado no cofre da nossa casa.
Ela testemunhou a entrega de uma mala repleta de dólares ao deputado maranhense Remi Trinta. Ouviu o diálogo em que Valdemar pediu para Jacinto Lamas, o tesoureiro do PL, pegar “várias malas” em Belo Horizonte:

- Ele era como o boy do Valdemar.

Além de movimentar altas somas, o ex-marido tinha o costume de andar de jatinho e torrar milhões em cassinos. Em uma noite, perdeu US$ 500 mil numa casa de jogo do Uruguai. Outra vez, foram US$ 300 mil em Las Vegas, nos Estados Unidos.
- Na volta de uma viagem acabei trazendo, sem saber, uma mala de dinheiro.

O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) admite nos bastidores renunciar ao mandato. A mulher dele, Márcia Milanésio Cunha, sacou mesmo R$ 50 mil do valerioduto, no Banco Rural. Cunha chegou a escrever a carta de renúncia, mas José Dirceu (PT-SP) e os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, convencem-no a recuar.
Cunha não comenta a quase-renúncia. A assessoria, porém, já está pronta para rebater: os R$ 50 mil foram gastos integralmente na campanha eleitoral de Osasco (SP). Com o tempo, a versão vai ser aprimorada. E o deputado? Viajou com a família para destino ignorado. Por dez dias.
O Congresso Nacional instala a CPI do Mensalão. O governo tem o controle da comissão, com a nomeação do senador Amir Lando (PMDB-RO) para presidente, e do deputado Abi-Ackel (PP-MG) para relator. Amir Lando foi ministro da Previdência Social de Lula, é peemedebista fiel ao Planalto. Quem o banca é o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). Abi-Ackel foi ministro da Justiça do presidente João Figueiredo (1979-1985), o último da ditadura militar. Aloizio Mercadante define Abi-Ackel:
- É um deputado acima de qualquer suspeita.
Dia 69
21/7/2005 Mais um deputado do PT no escândalo do mensalão. José Mentor (SP), ligado a José Dirceu (PT-SP) e à ex-prefeita Marta Suplicy (PT-SP), da qual foi líder de governo na Câmara Municipal de São Paulo, recebeu dois cheques, no total R$ 120 mil. Os comprovantes das transações estão entre aqueles que fazem referência aos R$ 50 milhões transferidos de contas atribuídas às empresas de Marcos Valério, via Banco do Brasil.
Os R$ 120 mil vieram da 2S Participações, empresa ligada a Marcos Valério, que movimentou R$ 26,4 milhões em dois anos. O dinheiro foi transferido para o escritório de advocacia de José Mentor. O deputado vincula a soma a serviço jurídico prestado a Rogério Tolentino, sócio de Valério. No escritório de José Mentor não há cópias do parecer que diz ter sido elaborado.José Mentor foi identificado por causa de um cheque nominal. Na maioria dos casos, porém, os cheques do Banco do Brasil em poder da CPI dos Correios mencionam números sigilosos, das contas bancárias dos favorecidos.

Detalhe importante: em julho de 2004, quando José Mentor pôs as mãos nos dois cheques, ele ocupava o cargo estratégico de relator da CPI do Banestado. A comissão investigava lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Suspeita-se que Mentor poupou o Banco Rural, ligado a Valério, no relatório final da CPI. O deputado Paulo Rocha (PT-PA), líder do PT na Câmara dos Deputados, afasta-se do cargo. Ligado a José Dirceu (PT-SP), foi tesoureiro do PT do Pará e presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores, ligada ao PT) paraense. Sai sem explicar saques de R$ 470 mil, feitos pela assessora Anita Leocádia Costa. O dinheiro foi retirado de contas bancárias de Valério, no Banco Rural. Rocha promete conceder entrevista, mas some do gabinete.
A nota da assessoria de Paulo Rocha, coerente com as explicações de Lula, Delúbio Soares e Marcos Valério, mas contradizendo o que ele mesmo dissera anteriormente: o deputado pedira R$ 300 mil a Delúbio Soares para quitar gastos de campanha eleitoral no Pará. Não há menção sobre os R$ 170 mil restantes. Como se verá adiante, há mais dinheiro envolvido. Escárnio à nação” é o título do editorial da Folha de S.Paulo. Fala dos saques nas contas das empresas de Marcos Valério, que “indicam que o dinheiro não servia apenas para financiar ou saldar dívidas de campanhas, mas para complementar salários”:
“Vai ficando cada vez mais claro que os desvios praticados pelo Partido dos Trabalhadores não dizem respeito a um esquema pelo qual irregularidades seriam cometidas em nome de uma causa política - o que, de qualquer forma, caracterizaria corrupção e crime.
Outro trecho:
“Perplexos, os brasileiros que acompanham o desenrolar dos depoimentos e das revelações da imprensa vão assistindo ao desvelamento de um amplo esquema de apropriação da máquina pública e movimentação irregular de recursos orquestrado pela cúpula do PT, com evidentes ramificações no Governo Federal.”
A Polícia Federal avança no caso da cueca milionária. Reúne indícios sobre a origem dos R$ 200 mil encontrados na maleta e os US$ 100 mil escondidos nas partes íntimas, tudo transportado por José Adalberto Vieira da Silva, assessor do deputado José Nobre Guimarães (PT-CE), irmão de José Genoino. A investigação aponta para propina. A suspeita vem do fato de Vieira da Silva ter se encontrado com o dono de uma empreiteira. Do procurador Márcio Torres, sobre o depoimento de Vieira da Silva ao Ministério Público Federal:
- Ele confirma que esteve com o empresário José Petronilho de Freitas. Disse que foi fazer uma visita e conversaram amenidades, nada a ver com o dinheiro.
O empresário é ligado ao grupo Cavan. Está em jogo um negócio de R$ 450 milhões. O sistema de transmissão de energia elétrica do Nordeste previa a construção de um linhão de 550 quilômetros ligando Teresina a Fortaleza. O empreendimento recebeu financiamento do BNB (Banco do Nordeste do Brasil) e envolve a Chesf (Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco).
Recapitulando: ao receber a ordem de prisão no aeroporto de Congonhas, após ser flagrado com a dinheirama, Vieira da Silva telefonou ao amigo petista e assessor especial do BNB, Kennedy Moura, que seguiu para São Paulo. A propósito: José Nobre Guimarães também estava na capital paulista. Foi ele, aliás, quem indicou Kennedy Moura para o BNB de Lula.

Vieira da Silva seria apenas “mula”, alguém incumbido de transportar dinheiro.

Lula demite Olívio Dutra (PT-RS), ministro das Cidades. É um acordo para dar espaço ao PP. Em seu lugar assume Márcio Fortes (RJ), uma indicação do presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE). Olívio Dutra não esconde o ressentimento:

- O PT tem problemas muito sérios, que acabam respingando no governo.
Para Olívio Dutra, “disputa” e “concentração de poder no governo” deram espaço para o crescimento da “erva daninha” da corrupção. Ele não explica nem cita nomes, mas acrescenta, com gravidade:
- O problema foi provocado por figuras e políticos que predominaram por certo tempo dentro do nosso partido.

70
22/7/2005 A dívida de R$ 29.436,26 do presidente Lula. Durante cinco dias, o jornal Folha de S.Paulo solicitou explicações do Palácio do Planalto. A reportagem queria saber como o débito fora pago. O governo, finalmente, emitiu nota oficial: “A Presidência da República não tem conhecimento dessas informações, que devem ser buscadas junto ao Partido dos Trabalhadores”.
O jornal recorda: no segundo dia, o Palácio do Planalto ainda respondeu que o dinheiro se referia a viagens de Lula, como presidente de honra do PT. Em seguida, estranhamente, retirou a informação. Ou seja, ela não procederia. Depois disso, nenhuma nova manifestação.
Dos dados da prestação de contas do PT, assinados pelo então tesoureiro Delúbio Soares e entregues ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral): a primeira das quatro parcelas que quitou