sexta-feira, 18 de junho de 2010

Respondendo ao anônimo que disse:
"Uma pena que com tantos desdobramentos, tantas notícias novas e aprofundadas a Senhora se mantenha no passado. No jornalismo se chama "requentar". "
***
Acredito que o Senhor esteja se referindo a fatos novos piores, mas imoral, mas asqueroso , mas indecente e covarde. Como todos aqueles que defendem esse governo. Pois saiba que recebo muitos agradecimentos por fazer conhecer os detalhes sórdidos deste governo, que deve ser o seu governo. E como se chama isso no jornalismo, não estou interessada, mesmo porque minha profissão é outra. Escrevo aqui como cidadã, como gente, que sofre com toda essa pouca vergonha que se abateu no país.
O livro desse jornalista, deve se tornar material escolar, isso é história.
Eu assino tudo que escrevo...
Angela Carrera

Autor do Livro: O Jornalista Ivo Patarra
CAPÍTULO 6 CONTINUAÇÃO (Parte 5)

Jupiassu, assessora de João Paulo Cunha. A filha de Silvana Jupiassu também ganhou bilhetes aéreos.
- Isso porque ela facilitava o contato com o João Paulo.
Em outra parte da entrevista, Fernanda Karina envolve outra funcionária de confiança de  Marcos Valério nas operações de saques de dinheiro:
- Eram pedidos frequentes. Era tudo feito pela Simone Vasconcelos. Era ela quem ia de  vez em quando para Brasília pagar.
Fernanda Karina fala das atividades de Marcos Valério:
- Ele faz intermediação de negócios. Por exemplo: a SMPB tem a conta do Banco do Brasil na parte de esportes através da Multi Action, uma das empresas do grupo. E é tudo negociata. Eu sei que eles passam dinheiro para o pessoal do governo.
Como isso é feito?
- O Marcos Valério manda e tem um pessoal do Departamento Financeiro que faz isso.
- E como a senhora tinha conhecimento?
- Ele era meu chefe. Eu estava sempre com ele. Todo mundo sabe que tem mutreta no fato de a empresa ter um bom dinheiro no Banco do Brasil.
- Haveria pagamento de propinas a gente do governo?
- Eu já vi sair muito dinheiro de lá.
- Em que situações?
- Vi sair R$ 100 mil em dinheiro para o irmão do Anderson Adauto, no fim de 2003, quando ele era ministro dos Transportes.
- E para o pessoal do Banco do Brasil?
- O Marcos Valério dá muitas festas para eles, muitos paparicos, muitos mimos.
- Ele oferece viagens de jatinho para eles?
- Não, o Marcos usa o jato do Banco Rural, eventualmente. O Delúbio Soares também anda no jato do Banco Rural.
Em outro trecho, o repórter Leonardo Attuch indaga se Marcos Valério fez pagamentos para obter contas publicitárias do governo. Diz Fernanda Karina:
- Com certeza. Quando você entra numa concorrência, a gente já sabe quem vai ganhar e quem não vai. Eles fazem a licitação pública, mas é um jogo de cartas marcadas. Tem quem vai pegar a melhor parte da conta, a pior parte da conta.
- A senhora viu?
- Olha, para o Banco do Brasil, o Marcos dava festas. Festas para a alta cúpula e para a área de marketing.
A revista Isto É Dinheiro pergunta como os pagamentos eram feitos:
- Tinha duas pessoas da área financeira, a Simone Vasconcelos, e uma assistente, a Geysa, que cuidavam de tudo.
- A senhora tem noção de quanto?
- Já vi o boy sair com motorista para tirar R$ 1 milhão do Banco Rural. Era para depois
dividir o dinheiro, entendeu?
A Folha de S.Paulo divulga o relatório “Agências & Anunciantes”, do jornal Meio & Mensagem. Traz informações sobre o faturamento da agência DNA Propaganda, de Marcos Valério. É o que mais cresceu em 2004, com um aumento superior a 200%. Dos R$ 23,2 milhões de faturamento registrados em 2003, o valor subiu para R$ 70,5 milhões. A agência atende as contas do Banco do Brasil, Eletronorte e Ministério do Trabalho.
Já a SMPB, outra agência de Marcos Valério, cuida da conta dos Correios. Teve faturamento de R$ 39,9 milhões em 2004, sendo R$ 29,6 milhões apenas com os Correios.

Além de atender o Banco Rural, a SMPB foi contratada pelo Ministério dos Esportes e pela Câmara dos Deputados, na gestão do presidente João Paulo Cunha (PT-SP).
Ex-tesoureiro nacional e secretário-geral do PP, Benedito Domingos afirma aos jornais Correio Braziliense e O Estado de S. Paulo que tomou conhecimento de um esquema de pagamento de mensalões a parlamentares do PP. A distribuição de dinheiro era feita no apartamento do deputado José Janene (PP-PR), localizado em edifício da Asa Sul, em Brasília.
- Você sabe que as pessoas tinham, mas não sabia de onde vinha.
Benedito Domingos conversa com o repórter Expedito Filho, de O Estado de S. Paulo.
Diz que o mensalão era conhecido como “apoio financeiro”, e entendido como uma espécie de caixa 2:
- O zunzunzum era muito forte. Um grupo sempre frequentou a casa do Janene. Sempre houve uma grande movimentação. A casa do Janene era chamada de pensão.
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15/6/2005 O governo conquista o comando da CPI dos Correios. Nomeia dois aliados para os cargos principais da comissão: o presidente será o senador Delcídio Amaral (PT-MS), e o relator o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Osmar Serraglio tinha boas ligações com José Dirceu. Apoiara a candidatura do filho do ministro, José Carlos Becker (PT), a prefeito da cidade de Cruzeiro do Oeste (PR).
Delcídio Amaral e Osmar Serraglio acenam com investigações restritas aos Correios, deixando de fora denúncias acerca do mensalão. Na véspera, parlamentares de cinco partidos entregaram ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pedido para a criação da CPI do Mensalão. O requerimento continha assinaturas de 255 deputados e 41 senadores.
Os jornais destacam que durante os trabalhos da CPI do Banestado, no início do governo Lula, o relator e deputado José Mentor (PT-SP) apresentou sete requerimentos relacionados ao Banco Rural, determinou a quebra de sigilo bancário da instituição, solicitou cópia de inquérito policial sobre investigações de empresas do banco no exterior, ouviu diretores e convocou a presidente da instituição para depor. No final do processo, não concluiu nenhuma investigação relativa ao Rural.
Outra notícia: o Banco Rural foi condenado a pagar multa de US$ 5,9 milhões por ilegalidades cometidas no mercado de câmbio, na década de 80. O Rural teria permitido remessas de dinheiro ao exterior, com a falsificação dos nomes dos verdadeiros remetentes.
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16/6/2005 Demite-se do cargo o ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT-SP). Considerado a face do PT no governo, era o mais poderoso auxiliar de Lula. Perdeu força em fevereiro de 2004, em consequência do escândalo Waldomiro Diniz. Com as denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), ficou sem condições de permanecer no governo. Sai contrariado.
Volta à Câmara dos Deputados para exercer mandato por São Paulo.
O senador Jefferson Péres (PDT-AM), dos mais respeitáveis parlamentares do Congresso Nacional, defende investigação para apurar se Lula sabia do mensalão. Quer saber se o presidente da República agiu para investigar o esquema e punir eventuais responsáveis.
Jefferson Péres está convicto: Lula “foi conivente, prevaricou”:
- Não acho que o presidente Lula seja capaz de um ato desonesto, no sentido de enriquecer ilicitamente. Agora, que ele sabia, com certeza sabia.
Para o senador, “ninguém, só quem acredita em Papai Noel, pode imaginar que José Dirceu com o senhor Delúbio, amigos, companheiros de partido, que há muitos anos acompanham o presidente da República, tenham feito tudo isso com o seu desconhecimento. E ficou comprovado, ou há fortes indícios de que ele sabia”.
Jefferson Péres admite que um eventual processo de impeachment “pode levar o País a uma instabilidade muito grande”. Entende, contudo, que a situação justifica uma investigação sobre o presidente:
- Se ficar evidenciado que o presidente realmente sabia e não tomou providências, não podemos, em nome da estabilidade, fingir que não sabemos e ficar de braços cruzados, senão nós é que estaremos prevaricando também.
O senador amazonense explica que responsabilizar alguém por corrupção não exige farta documentação para servir de prova. Diz Jefferson Péres:
- Provas são provas. Há provas documentais, técnicas, periciais e testemunhais. Se a testemunha for idônea, se o seu depoimento for convincente, a testemunha vale também, é uma prova.
Cerco ao ministro Luiz Gushiken (PT-SP). Ele comanda a Secom, Secretaria de Comunicação  da Presidência da República, e é um dos auxiliares mais próximos de Lula. A Folha de S.Paulo publica que a mulher de Marco Antônio da Silva, diretor de eventos da Secom, trabalha para a empresa Multi Action, ligada a Marcos Valério.
A publicitária Telma dos Reis Menezes Silva ocupa posto estratégico de representante da Multi Action, uma realizadora de eventos. Ela mantém contatos com órgãos públicos em nome da empresa de Valério. O detalhe: cabe à Secom opinar e determinar o conteúdo de editais de licitação que definem contratações na área de comunicação do Governo Federal.
É a Secom de Gushiken que controla a publicidade e os patrocínios oficiais do governo.
Marco Antônio da Silva nega qualquer irregularidade. Afirma que não tem envolvimento com o trabalho da mulher. A Folha pergunta-lhe para quem Telma dos Reis Menezes Silva trabalha. O marido:
- Não sei. Deve trabalhar para vários eventos. 
     

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