quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

*J’ACUSE !!!*
*(Eu acuso !)*
Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice. (Émile Zola)
Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. (Émile Zola)

*(Eu acuso !)*
(Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes)

Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar!).

A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.

O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.

Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática.

No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”.

Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando...

E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.”

Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno – cliente...

Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”.

Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.

Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:

EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;

EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos”e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;

EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;

EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;

EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;

EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;

EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;

EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”;

EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;

EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;

EU ACUSO os “cabeça – boa” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito,

EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;

EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.

EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;

EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;

Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos -clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.

Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”.

A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.”

Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.

Igor Pantuzza Wildmann
Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário; ex-professor do Instituto Metodista Izabela Hendrix

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Um gesto de amor
Autor: Melcíades José de Brito

Um garoto pobre, com cerca de doze anos de idade, vestido e calçado de forma humilde, entra na loja, escolhe um sabonete comum e pede ao proprietário que embrulhe para presente. "É para minha mãe", diz com orgulho.
O dono da loja ficou comovido diante da singeleza daquele presente. Olhou com piedade para o seu freguês e, sentindo uma grande compaixão, teve vontade de ajudá-lo.
Pensou que poderia embrulhar, junto com o sabonete comum, algum artigo mais significativo. Entretanto, ficou indeciso: ora olhava para o garoto, ora para os artigos que tinha em sua loja.
Devia ou não fazer? O coração dizia sim, a mente dizia não.
O garoto, notando a indecisão do homem, pensou que ele estivesse duvidando de sua capacidade de pagar.
Colocou a mão no bolso, retirou as moedinhas que dispunha e as colocou sobre o balcão.
O homem ficou ainda mais comovido quando viu as moedas, de valor tão insignificante. Continuava seu conflito mental. Em sua intimidade concluíra que, se o garoto pudesse, ele compraria algo bem melhor para sua mãe.
Lembrou de sua própria mãe. Fora pobre e muitas vezes, em sua infância e adolescência, também desejara presentear sua mãe. Quando conseguiu emprego, ela já havia partido para o mundo espiritual. O garoto, com aquele gesto, estava mexendo nas profundezas dos seus sentimentos.
Do outro lado do balcão, o menino começou a ficar ansioso. Alguma coisa parecia estar errada. Por que o homem não embrulhava logo o sabonete?
Ele já escolhera, pedira para embrulhar e até tinha mostrado as moedas para o pagamento. Por que a demora? Qual o problema?
No campo da emoção, dois sentimentos se entreolhavam: a compaixão do lado do homem, a desconfiança por parte do garoto.
Impaciente, ele perguntou: "moço, está faltando alguma coisa?"
"Não", respondeu o proprietário da loja. "é que de repente me lembrei de minha mãe. Ela morreu quando eu ainda era muito jovem. Sempre quis dar um presente para ela, mas, desempregado, nunca consegui comprar nada."
Na espontaneidade de seus doze anos, perguntou o menino: "nem um sabonete?"
O homem se calou. Refletiu um pouco e desistiu da idéia de melhorar o presente do garoto. Embrulhou o sabonete com o melhor papel que tinha na loja, colocou uma fita e despachou o freguês sem responder mais nada.
A sós, pôs-se a pensar. Como é que nunca pensara em dar algo pequeno e simples para sua mãe? Sempre entendera que presente tinha que ser alguma coisa significativa, tanto assim que, minutos antes, sentira piedade da singela compra e pensara em melhorar o presente adquirido.
Comovido, entendeu que naquele dia tinha recebido uma grande lição.
Junto com o sabonete do menino, seguia algo muito mais importante e grandioso, o melhor de todos os presentes: O gesto de amor!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL
Pra vocês, Amigos,
Que fizeram do sol seu guia,
De cada manhã um lindo dia
De cada noite uma canção!
FELIZ NATAL
Pra vocês, que fizeram da Estrela D`alva
Seus caminhos:
Deram comida aos passarinhos
E repartiram com o homem seu pão!
FELIZ NATAL
Pra vocês, que tiveram um gesto amigo:
Um papo, um alento e deram abrigo
E estenderam suas mãos!
FELIZ NATAL
Pra vocês, que fizeram da dor a esperança;
Que fizeram sorrir uma criança
E que amaram de coração!



FELIZ NATAL  
Pra vocês, que viveram a pobreza a fundo   
Nas manjedouras do mundo
E não deixaram o tempo ir em vão!
FELIZ NATAL
Pra vocês, que são amigos, e pra vocês,
que ao inimigo presentearam com
Seu perdão!
FELIZ NATAL
Pra vocês, Amigos que sentem!
Pra vocês, Amigos que são Gente!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Traduzir
Autor:  José Saramago

Escrever é traduzir.
Sempre o será. Mesmo quando estivermos a utilizar a nossa própria língua.
Transportamos o que vemos e o que sentimos (supondo que o ver e o sentir, como em geral os entendemos, sejam algo mais que as palavras com o que nos vem sendo relativamente possível expressar o visto e o sentido…) para um código convencional de signos, a escrita, e deixamos às circunstâncias e aos acasos da comunicação a responsabilidade de fazer chegar à inteligência do leitor, não a integridade da experiência que nos propusemos transmitir (inevitavelmente parcelar em relação à realidade de que se havia alimentado), mas ao menos uma sombra do que no fundo do nosso espírito sabemos ser intraduzível, por exemplo, a emoção pura de um encontro, o deslumbramento de uma descoberta, esse instante fugaz de silêncio anterior à palavra que vai ficar na memória como o resto de um sonho que o tempo não apagará por completo.

O trabalho de quem traduz consistirá, portanto, em passar a outro idioma (em princípio, o seu próprio) aquilo que na obra e no idioma originais já havia sido “tradução”, isto é, uma determinada percepção de uma realidade social, histórica, ideológica e cultural que não é a do tradutor, substanciada, essa percepção, num entramado linguístico e semântico que igualmente não é o seu.
O texto original representa unicamente uma das “traduções” possíveis da experiência da realidade do autor, estando o tradutor obrigado a converter o “texto-tradução” em “tradução-texto”, inevitavelmente ambivalente, porquanto, depois de ter começado por captar a experiência da realidade objecto da sua atenção, o tradutor realiza o trabalho maior de transportá-la intacta para o entramado linguístico e semântico da realidade (outra) para que está encarregado de traduzir, respeitando, ao mesmo tempo, o lugar de onde veio e o lugar para onde vai. Para o tradutor, o instante do silêncio anterior à palavra é pois como o limiar de uma passagem “alquímica” em que o que é precisa de se transformar noutra coisa para continuar a ser o que havia sido.
O diálogo entre o autor e o tradutor, na relação entre o texto que é e o texto a ser, não é apenas entre duas personalidades particulares que hão-de completar-se, é sobretudo um encontro entre duas culturas colectivas que devem reconhecer-se.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Vale a pena ser lido! Porque a gente nunca sabe os reais motivos que fazem as "guerras" acontecerem. A mídia manipula tudo, e é o nosso "melhor" meio de informação. Enfim, só para conhecer um outro ponto de vista..

MORRO DO ALEMÃO
Relato de um Morador do Complexo do Alemão:
Rio de janeiro (purgatório da beleza e do caos) - 28/11/2010
Autor: Bruno Rico

O som no momento ainda é de tiro, talvez de calibres menores, pois aparentemente o confronto maior já cessou, se bem que eu aprendi que quando os tiros diminuem é que o perigo aumenta, porque essa é a hora que o morador da favela sai de baixo de suas camas, ou de seus abrigos de variações diversas, achando que a situação acalmou, e quando menos espera, bum! Volta o tiroteio de novo, sendo que agora os corpos estão de pé nos barracos, e o pior, despreocupados, e quando se está despreocupado é que o pior acontece, pelo menos no morro é assim, e já vi muito conhecido tomar tiro por causa dessa falsa sensação de paz. Ou seja, para se andar pelas vielas é preciso estar com o alerta ligado a todo tempo, independe do céu estar repleto de estrelas, ou infestado de balas traçantes.

Ah, perdão, nem me apresentei, é o nervosismo por causa da trilha sonora do horror. Para quem não sabe a trilha sonora do horror não consiste apenas em barulho de tiros; mixado junto aos tiros se encontram os latidos de cachorros, a gritaria (geralmente das crianças), e às vezes alguma voz gritando. Por conta desses fatores, comecei euforicamente a escrever e me esqueci de dizer quem sou, se bem que isso não tem muita importância, já que sou apenas mais um no meio da multidão favelada; igual a mim com certeza existem milhares, de mesma cor, de mesmo histórico familiar, de mesmos sonhos não realizados. Mas por questão de educação irei me apresentar mesmo assim.

Meu nome é Sebastião, é nome de velho, mas eu sou jovem, tenho 19 anos, herdei esse nome do meu finado pai, por isso os amigos e familiares me chamam de Júnior, me soa melhor, e para falar a verdade eu não tenho nenhuma cara de Sebastião, quando me chamam de Tião então, aí é que eu fico mais puto, minha mãe tem mania de me chamar assim quando faço algo que ela não gosta, mas não há nada que me tire mais do sério do que a guerra da hipocrisia, tipo essa que está rolando atualmente, e por isso resolvi escrever, não sei direito o porquê, mas como eu também não sei direito o porquê de tantas coisas, resolvi escrever assim mesmo.

Sou morador do morro do alemão, onde atualmente explodiu uma guerra, antes nunca vista no Rio, digo nunca vista, porque aparentemente dessa vez o objetivo é outro, e a causa também; afinal, por que antes de se falar em Copa no Brasil e olimpíada no Rio, nenhum Governo se preocupou em pacificar favelas? Antes o pensamento era: deixa esse povo se matar. Agora, pelo visto, a situação está um pouco diferente, pelo menos um pouco.

Nasci aqui, cresci aqui e vivo nesse morro até hoje, não sinto orgulho disso, mas também não sinto vergonha, afinal, teria eu, orgulho de quê? Vergonha de quê? É o que me resta morar aqui, é a única herança que tenho, o barraco que foi de minha avó e que hoje é uma humilde, porém aconchegante casa.

Por enquanto ainda não dá para morar no asfalto, mas não me sinto mais ou menos gente do que eles que moram lá em baixo; porém, me sinto mais digno do que alguns membros fardados que se dizem representantes do Estado, e que atualmente estão sendo aclamados como heróis por grande maioria da sociedade, aliás, nunca consegui entender direito os critérios que a sociedade em que vivo usa para escolher os seus heróis, talvez eu vá morrer sem entender.

Agora pouco fui à janela dar uma espiada no movimento do morro e pude ver alguns deles caminhando e ostentando seus armamentos e suas caras de mau, pude até ver alguns com os rostos pintados, como se tivessem preparados para uma verdadeira guerra do Vietnã, mas dessa vez os vietcongs a serem caçados não tinham cabelos lisos muito menos olhos puxados.

Pude ver no meio deles alguns conhecidos, eram poucos é verdade, já que a tropa invasora é formada em sua grande maioria por policiais de fora da área, mas os que puder reconhecer são frequentadores assíduos do morro, vira e mexe estão aqui para vender armas e até mesmo drogas que apreenderam em morros rivais, alguns eu vejo toda sexta-feira, pois é o dia que eles religiosamente comparecem ao morro para pegar a propina para que o baile funk possa rolar na paz. Eu sei disso tudo pois minha casa fica em uma área estratégica, posso dizer que moro numa linha imaginária do morro, pois a partir dali a polícia sabe que não pode subir, e desde que moro aqui poucas vezes vi eles passarem daquele local, a não ser em casos extremos, como quando morria algum repórter, e a mídia fazia pressão até encontrar o assassino, ou então agora, nessa guerra copeira e olímpica. E é por essas e outras que eu não consigo achar heroísmo nesses homens fardados que se dizem representantes do Estado, já que a maioria das armas que atualmente está sendo mostrada na TV como sendo apreendidas por eles não estaria aqui se os próprios não tivessem trazido e vendido para os próprios traficantes que agora estão caçando.

Às vezes a sociedade se pergunta quem financia todo esse caos, geralmente quem toma essa culpa é o viciado, mas eu sei bem quem é o verdadeiro financiador e quem sai lucrando com essa guerra.

Só que dessa vez está tudo diferente, os policias que antes eu via circulando no morro agora estão andando com policias federais, com militares do exército e marinha, não que eles sejam menos sujos, não que eles não fossem se vender diante de uma oferta tentadora de um traficante, mas eles não são daqui, e o momento é outro, agora o objetivo também é outro, antes eles vinham pra buscar dinheiro e fazer falsas apreensões para mostrar na TV que estavam trabalhando, e a população em sua maioria acreditava naquela cena toda, mas hoje não, hoje eles estão vindo para realmente fazer valer a presença do Estado (anos ausente), dá para perceber isso nos olhos dos soldados, dos policiais; se eu não fosse morador daqui até acreditaria que eles são realmente heróis, acho inclusive, que até eles estão se enganando achando que são heróis de alguma coisa, quando na verdade passam longe disso.

O fato deu estar criticando os policias não quer dizer que eu apóie os bandidos (estou me referindo aos traficantes), já que usar o termo bandido para discernir o policial do traficante pode ficar um tanto confuso, pelo menos para mim fica.

Criticar a polícia não consiste em um apoio ao tráfico, uma coisa não tem nada haver com a outra, já que para mim são dois imbecis lutando por nada, ou melhor, por interesses financeiros próprios que no final resulta em nada, só que por esse nada muito sangue escorre e muito inocente acaba morrendo. É a guerra do bandido X bandido, só que agora um bandido virou herói e o outro virou mais bandido ainda.

Quero estar vivo para ver esse morro realmente pacificado, pois polícia andando nas vielas e bandeira do Brasil fincada no alto do morro não quer dizer sinônimo de paz para mim. Quero estar vivo para ver o dia em que o Governo investirá pesado na educação, pois aí sim, as coisas poderão começar a mudar. Quero estar vivo para ver minha mãe poder vir dormir em casa todo dia sem se preocupar em ter que levar roupa para dormir no trabalho caso haja tiroteio no morro. Quero estar vivo para poder realmente apertar a mão de um policial e finalmente olhar dentro do olho dele e o ver como um verdadeiro e digno herói.

Por hora vou terminando este escrito, até porque a trilha sonora do horror voltou a tocar, e eu preciso me refugiar. A guerra de fato ainda não terminou, e está longe disso, sinto até pena dos que acham que agora a guerra terá realmente um fim.

Confesso que não estou com uma impressão boa, talvez por isso tenha resolvido escrever, pois apesar de estar no local mais seguro da casa, as balas estão cada vez mais ousadas, e não existe barreira para elas, talvez alguma me encontre hoje (aquela mesma que a mídia insiste em chamar de perdida), ou algum dia qualquer, sei lá; mas as minhas palavras permanecerão no papel, eternizadas enquanto o tempo não as destruir. Espero um dia poder abrir este papel para ler sobre um tempo não mais vivido, e poder finalmente escrever alegremente um texto de outro título. Esperarei ansiosamente pela chegada de meus verdadeiros heróis, e para eles terei o imenso prazer de escrever e dedicar a paz em primeira pessoa.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010


Salário do Tiririca absurdos da política...

FLORENTINA FLORENTINA FLORENTINA DE JESUS FLORENTINA FLORENTINA HEHEHEHE É SÓ ALEGRIA TITIRICA UELAAAAA...BRASIL VARONIL....

TIRIRICA TÁ ELEITO
E NÓS VAMOS PAGAR CARO POR ESSA BRINCADEIRA.

Parabéns para nós.

Mesmo que nem eu nem você tenhamos votado no Tiririca e, em outros do mesmo nível que irão nos representar nas várias esferas do poder, eles estão eleitos. Então a maioria vence. Lógico.

É o sentimento do povo brasileiro.

ENTÃO, CONFIRA...

Segundo os dados do Correio do Povo RS (edição 03.10.2010)

Tiririca, e todos os deputados federais irão receber por mês:

Salário: R$ 16.512,00


Ajuda Custo: R$ 35.053,00
(Valor máximo, e não posso pensar que algum deles vá usar o valor mínimo).

Essa ajuda de custo é para passagens aéreas até a base, fretamento de aeronaves (você já andou de avião ou anda com freqüência?) cota postal e telefônica, combustíveis, divulgação do mandato, aluguel de escritório político, assinatura de publicações e serviços de tv e internet, contratação de segurança.

Auxílio Moradia: R$ 3.000,00
Auxílio Gabinete: R$ 60.000,00
(Para contratar de 5 a 25 funcionários)
Despesa Médica: R$ Ilimitada
(Pode gastar o que quiser mediante qualquer recibo, sem contestação)
Telefone Celular: R$ Ilimitado
(Não existe restrição de uso, então o que gastar é pago)
Ainda como bônus anual:R$ (+ 2 salários = 33.024,00)

Só com os números divulgados são: R$ 114.565,00 por mês, fora a bonificação anual e os ilimitados.

Estou me sentindo um palhaço muiiiiiiiito maior que o Tiririca, só que com uma enorme decepção: esse valor e todos os outros não divulgados vão sair do meu bolso.....

DO SEU BOLSO TAMBÉM!!!!!!!

ENTÃO PÊSAMES PARA NÓS!!!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

EXIGÊNCIAS DA VIDA MODERNA
Luís Fernando Veríssimo

Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro.
E uma banana pelo potássio.
E também uma laranja pela vitamina C.

Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.

Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão). Cada dia uma Aspirina, previne infarto. Uma taça de vinho tinto também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso. Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, mas faz bem. O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.

Todos os dias deve-se comer fibra. Muita, muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer um pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente. E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia...

E não esqueça de escovar os dentes depois de comer. Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax. Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.

Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma.

Sobram três, desde que você não pegue trânsito. As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).

E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.
Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.

Ah! E o sexo! Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina. Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo - e nem estou falando de sexo tântrico.
Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação. Na minha conta são 29 horas por dia.

A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo! Por exemplo, tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes. Chame os amigos junto com os seus pais. Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto com a sua mulher... na sua cama.
Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.

Agora tenho que ir.
É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro.
E já que vou, levo um jornal... Tchau!
Viva a vida com bom humor!!!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

SEGURANÇA NA INTERNET

Esta não é uma daquelas MENSAGENS que vc encontra no ICQ, ou em e-mails ou em cartões eletrônicos. Mas, algumas vezes nós nos deparamos com coisas que não podem se restringir apenas à Rede. Então eu peço a vc, por favor, que tome um pouco do seu tempo, esqueça por um instante que é uma pessoa muito ocupada, e leia isto, porque eu lhe digo que é muito importante. Não há aqui figuras animadas ou carinhas sorridentes. Mas se apenas uma pessoa repassar essa mensagem, isto já será uma tentativa de se manter sorrisos no mundo...

Partilhe essa história com seus amigos e famílias que tenham crianças que usam a Internet.

Shannon podia ouvir passos seguindo-a quando ela voltava da escola para casa. A idéia de estar sendo seguida acelerou as batidas do seu coração.

"Você é uma tola"- ela disse a si mesma- "ninguém está seguindo você."

Para ficar a salvo,ela começou a andar mais depressa,mas os passos acompanharam os seus. Ela temia olhar para trás e ficou feliz por estar já quase em casa. Shannon rezou baixinho:

" Deus, por favor, faça-me chegar a salvo em casa.". Ela viu acesa a luz de sua varanda e correu o resto do caminho para casa. Já lá dentro, ela se recostou na porta por um instante, aliviada por estar na segurança do lar. Ela deu uma espiadinha na janela para ver se havia alguém lá fora. A calçada estava vazia.

Depois de largar seus livros sobre o sofá, ela resolveu entrar só um pouquinho na Internet. Ela usou seu nickname ByAngel213, checou sua lista e viu GoTo123 on line. Ela então enviou a ele uma mensagem:

ByAngel213: Oi, estou contente que vc esteja on line! Eu pensei que estava sendo seguida quando vinha pra casa hoje. Foi terrível!

GoTo123: Uau, você anda vendo muita TV. Por que alguém ia te seguir? Vc não mora num lugar seguro?

BYAngel 213: Claro que moro. Eu acho que foi minha imaginação, porque eu não vi ninguém quando eu espiei.

GoTo 123: Você deu seu nome aqui na Net?

ByAngel 213: Claro que não! Eu não sou idiota, vc sabe muito bem...

GoTo 123: Vc jogou handball depois da escola hoje?

ByAngel 213: Joguei, e nós ganhamos!!!!!!

GoTo 123: Legal! Contra quem vcs jogaram?

ByAngel 213: Contra os Hornets. Caramba, o uniforme deles era o máximo. Eles pareciam abelhas.

GoTo 123: Como se chama o seu time?

ByAngel 213: Nós somos os Canton Cats. Nós temos patas de tigre pintadas nos nossos uniformes.

GoTo 123: Vc lança?

ByAngel 213: Não, eu sou da defesa. Agora eu tenho que ir. Tenho que fazer o dever de casa antes de meus pais chegarem. Eu não quero levar bronca deles. Bye.

GoTo 123: Te vejo mais tarde. Bye.

Enquanto isso...

GoTo123 foi ao menu do computador e escolheu a função que queria.

Imprimiu toda a conversa. Pegou uma caneta e escreveu embaixo tudo o que ele sabia sobre Angel mesmo distante dela.

Nome dela: Shannon
Nascimento: 3 de janeiro de 1986
Idade: 13 anos
Estado em que mora: North Carolina
Hobbies: handball, coral, skate e ir ao shopping.
Além disso, ele sabia que ela morava em Canton porque ela havia dito a ele.

Ele sabia que ela ficava sozinha em casa até 6:30 da noite todo dia até que os pais chegassem do trabalho. Ele sabia que ela jogava handball nas tardes de quinta-feira no time da escola, e o time se chamava Canton Cats. Seu número favorito era 7 e ela o tinha pintado na jaqueta. Ele sabia que ela estava na sétima série na Escola Secundária Canton Junior.

Ela havia contado tudo isto a ele durantes as conversas que tinham on-line. Ele já tinha informaçoes suficientes para encontrá-la agora.

Shannon não contou a seus pais sobre o incidente no caminho da quadra para casa naquele dia. Ela não queria que eles fizessem uma cena e impedissem que ela viesse sozinha a pé da escola pra casa. Pais são sempre exagerados e os dela eram mestres nisso. Afinal, ela já não era mais uma criancinha. Talvez se ela tivesse irmãos e irmãs, seus pais não fossem tão superprotetores.

Na quinta feira, Shannon já tinha esquecido os passos que a seguiram. O jogo estava correndo quando de repente ela sentiu que alguém a observava. Sua mente enviou um alerta. Ela saiu de sua posicão de jogo para ver um homem que a fitava fixamente. Ele estava perto da grade e sorriu quando ela o olhou. Ele não parecia ameaçador e rapidamente ela o ignorou. Depois do jogo, ele se sentou numa mureta enquanto ela conversava com o treinador. Ela o viu sorrir de novo quando passou por ele. Ele balançou a cabeça e ela sorriu de volta. Ele percebeu o nome dela nas costas da camiseta. Ele sabia que a tinha encontrado.

Silenciosamente, ele caminhou a uma cautelosa distância atrás dela. Eram poucas quadras até a casa de Shannon e depois que ele viu onde ela morava, ele retornou à quadra e pegou seu carro. Agora ele tinha que esperar. Ele resolveu comer alguma coisa até chegar a hora de ir à casa de Shannon. Ele foi até uma lanchonete e sentou lá até a hora de iniciar sua ação.

Shannon estava no seu quarto mais tarde, naquele dia, quando ela ouviu vozes na sala. "Shannon, venha cá", seu pai a chamou. Ele parecia zangado e ela não imaginava por que. Ela foi até a sala e viu o homem que estava antes na quadra sentado no sofá.

"Sente-se", disse seu pai,"este homem acabou de nos contar uma história muito interessante sobre você."

Shannon foi até a cadeira em frente ao sofá. O que ele poderia ter dito a eles? Ela nunca o tinha visto antes de hoje!

"Vc sabe quem sou eu, Shannon? " o homem perguntou.

"Não", ela disse.

"Eu sou um policial e seu amigo virtual, GoTo123."

Shannon estava pasma. "Não pode ser! GoTo é um garoto da minha idade! Ele tem 14 e mora em Michigan!"

O homem sorriu. "Eu sei que eu disse isso a você, mas não é verdade. Veja, Shannon, há um monte de gente na rede que se finge de crianças ou jovens. Eu fui um deles. Mas enquanto os outros querem achar jovens e fazer mal a eles, eu pertenço a um grupo que faz isso para proteger os jovens de gente perversa. Eu vim aqui ver você, para ensinar a vc que é perigoso dar muitas informações a pessoas on line. Vc me contou o suficiente sobre vc para tornar fácil a tarefa de encontrar você. Seu nome, sua escola, o nome de seu time de handball e a posição em que vc joga. O número e o nome na sua jaqueta fizeram tudo ainda mais fácil."

Shannon estava de queixo caído. "Vc quer dizer que não mora em Michigan?"

Ele riu. "Não, eu moro em Raleigh. Vc achava que estava segura pensando que eu estava muito distante, não é?" Ela aquiesceu. "Eu tinha um amigo cuja filha era como você. Só que ela não teve tanta sorte. O cara a encontrou e a matou brutalmente quando ela estava sozinha em casa.

Jovens são orientados a nunca dizerem que estão sozinhos em casa, mas se esquecem de seguir estas regras quando estão on line. Gente má encontra você juntando uma informaçãozinha aqui, outra ali, na Rede. Antes que vc perceba, vc já terá dado a eles o suficiente para encontrarem vc sem que vc perceba que tenha feito isso. Eu espero que vc tenha aprendido uma lição com isso e não repita mais o que fez."

"Tem minha palavra!"Shannon prometeu solenemente.

"Vc vai contar aos outros sobre isso, para que eles fiquem a salvo também?"

"Eu prometo!"

Naquela noite Shannon e seu pai e mãe se ajoelharam juntos e rezaram.
Eles agradeceram a Deus por proteger Shannon do que poderia ter tido um trágico final.

Por favor, encaminhe isso ao máximo de pessoas possível. Retire o nome do remetente, garantindo sua privacidade, e, ao encaminhar, use a Blind Copy ou Cópia Oculta. Isto resguardará todos os destinatários de terem seus nomes e e-mails divulgados "urbi et orbi". Por favor, faça isso em benefício deles e seu, vc acabou de ver como segurança na Rede é uma coisa importante.

Ensine as pessoas que não devem dar nenhum informação sobre si mesmas.
Este mundo em que a gente vive hoje é muito perigoso. Esteja a salvo.



POR FAVOR, COM A DEVIDA SEGURANÇA, NÃO DIVULGUE OS E-MAILS DE SEUS AMIGOS, NEM O MEU E NEM O SEU, E PASSE ISSO ADIANTE.