FELIZ ANO NOVO
À luz da ciência, a virada de ano não passa de um limite cronológico, o
período de 365 dias e 6 horas da translação, quando a Terra completa uma volta
ao redor do Sol.
E a tradição nos permite dar a essa passagem o clima feérico que nos
leva a pular ondas, fazer brindes, vestir o branco, comer lentilha, romã e
distribuir louros.
Debaixo das superstições, contagiados pela oportunidade que o novo
começo nos dá de recomeçar, talvez seja a hora de mudar. E a mudança brota da
consciência para se concretizar na química que nasce da união de coração e
mente.
Quem sabe seja a hora de parar de fumar, de recuperar a boa forma, de
buscar o novo trabalho, de comprar um carro, encontrar a cara-metade, morar na
casa própria...
Mas, melhor seria que, ao mesmo tempo, tivéssemos olhos para as
conquistas abstratas, para a renovação dos valores e das prioridades.
Já passou do tempo do ser humano entender que a felicidade não é um bem
material, mas um estilo de vida que se adota e se preserva em cada atitude, em
cada pensamento, em cada palavra. Demoramos a notar que as mansões de nada
valem quando seus ocupantes são incapazes de transformá-las em lares.
Desperdiçamos tempo sem perceber que anéis não reluzem sem dedos que os
ostentem, carrões não se justificam quando rodam com passageiros e rumo a destinos
incertos.
O mundo ainda gira em torno do homem e o homem se perde na vertigem de
rodar numa busca desesperada do que só se encontra dentro de si próprio.
Que o ano novo exerça a magia e o poder de nos induzir à reflexão para
que, nas entranhas do pensamento e do sentimento, cada um de nós se
conscientize de que o erro que nos beneficia hoje pode ser a cobrança do amanhã
em forma de tragédia. Que as pessoas sejam capazes de fazer o bem sem olhar a
quem, para receber o bem sem saber de quem. Que o respeito seja a moeda
essencial nas relações humanas. Que a ética e a moral sejam práticas rotineiras
em nome do bem coletivo. Que o mundo resgate o dom de se reinventar em suas
verdadeiras evoluções, sem maquiar as mazelas que nos fazem reféns de sonhos
vazios.
Autor: não mencionado
Enviado por: Marly Santanelli