quinta-feira, 17 de junho de 2010

Quero ressaltar esse trecho dito pelo marginal jose dirceu ( letra maíuscula escrevemos nome de pessoas)
“Mas O Globo e a Globo estão repetindo o linchamento”. Ele falou: “No O Globo eu falo por cima. Dá para segurar”.  E claro na Globo tambem....

E é assim MUNDO  que se consegue 80% de favoritismo...E é assim que o Brasil é governado...por covardes, ladrões, vagabundos, a maior  quadrilha do mundo.
angela

Autor do Livro: O Jornalista Ivo Patarra
CAPÍTULO 6 CONTINUAÇÃO(leia sempre o final do capítulo anterior)   
- Qual era exatamente o papel de Marcos Valério?
- Ele é operador do Delúbio, desde o início do governo. O Janene faz a mesma operação.
É de conhecimento notório.
- O senhor poderia citar nomes de deputados que recebiam essa remuneração mensal?
- Isso eu vou deixar para a imprensa investigar. Mas eu sei que as direções do PP e do PL recebiam. Não é segredo. Eles insinuaram isso para o Zé Múcio, que não quis entrar.
Outro trecho:
- Se você perguntar: “Tem provas? Fotografou? Gravou?” Não. Mas era conversa cotidiana na Câmara a repartição de mesada entre os deputados da base aliada, em especial o PL e o PP. Nunca ouvi falar do PMDB, e tenho certeza de que os deputados e os senadores do PT jamais receberam isso.
- O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, já anunciou a decisão de processá-lo.
- É um direito dele. Na colocação que fiz, eu o atingi duramente. Ele tem o direito democrático de me processar.
- Houve problema de dinheiro entre PT e partidos da base na campanha municipal?
- Eu e o líder Zé Múcio acalmamos nossa base dizendo o seguinte: o PTB não vai ter mensalão, que desmoraliza e escraviza o deputado, e nas eleições a gente compõe com o PT uma troca de apoio e pede o financiamento para candidaturas que nós entendemos que devemos ganhar. Foi pedida ao PTB, pelo José Genoino, uma planilha por Estados de campanhas a prefeito que o PT financiaria para nós. Apresentamos uma planilha de R$ 20 milhões. Esse recurso foi aprovado pelos dois e pelo Marcelo Sereno. No princípio de julho de 2004, eu reuni o partido e comuniquei. O repasse do dinheiro se dará em cinco etapas.
- O primeiro recurso chegou na primeira quinzena de julho: R$ 4 milhões, em dinheiro, em espécie. Em duas parcelas: uma de R$ 2,2 milhões e, três dias depois, uma de R$ 1,8 milhão. Quem trouxe o recurso à sede do PTB foi o Marcos Valério, em malas de viagem.
Eu e o Emerson Palmieri dividimos esses recursos entre candidatos. E assumimos o compromisso,
que era o do Genoino comigo, que outras parcelas viriam. Elas não vieram, e os candidatos do PTB que haviam assumido compromissos de campanha entraram em crise brutal. Essas coisas foram esticando a corda, tensionando a relação do PTB com o PT.
- Que avaliação o senhor faz das reações dos membros do governo citados em sua entrevista anterior?
- Os ministros foram covardes com o presidente. O Palocci sabia do mensalão porque eu falei para ele. O Walfrido errou por não ter dito ao presidente sobre o mensalão, porque eu falei com ele. O ministro Ciro sabia. O Zé Dirceu, conversei várias vezes com ele sobre o mensalão. Deixaram o presidente completamente desinformado de algo que viciou a relação do governo, e do comando do PT em especial, com a base aliada no Congresso.
- Quando de minha conversa com o presidente este ano, lá no gabinete dele no Palácio do Planalto, estávamos eu e o ministro Walfrido, quando eu disse a ele do mensalão.
Ele tomou um susto. Expliquei a ele no que consistia: um repasse de recursos do Delúbio para líderes e presidentes de partidos da base aliada dividirem um dinheiro por mês com representantes de suas bancadas, em especial o PP e o PL. O PTB fora convidado a participar e repelira.
- Acho que os ministros traíram a confiança do presidente. Como pode ministros minimizarem, dizendo que não havia importância em minhas palavras, e ter essa explosão no Brasil quando a Folha as coloca para a opinião pública? Só eles não tinham dimensão da explosão que isso iria provocar? O presidente, foi como se alguém dissesse “olha ali a tua mulher com outro homem”. Aquela reação de surpresa, de mágoa, as lágrimas brotaram.
Ele me pediu que explicasse como funcionava o mensalão. Eu disse. Depois ele se levantou, me deu um abraço e eu saí.
- E o que eu sei, até pela vivência da Casa, essas coisas não se escondem, é que houve uma atitude forte, porque o mensalão secou. E nós estamos assistindo a uma crise de abstinência. O corpo mole é porque está faltando aquilo que o Delúbio sempre transferiu a líderes e presidentes da base: o dinheiro para pagar o exército de mercenário, as bancadas de aluguel.
Em outro trecho da entrevista, a repórter pergunta:
- Como se estabeleceu a relação do PTB com a cúpula petista?
- Quando, lá atrás, o José Carlos Martinez era presidente do PTB, e nós começamos a constituir a relação, depois de nomeado o Walfrido Mares Guia ministro do Turismo, o segundo cargo foi o do delegado Regional do Trabalho no Rio, Henrique Pinho. Toda a estrutura abaixo dele foi nomeada pelo Silvio Pereira. Outro cargo: Fernando Cunha, para a BR Distribuidora. Toda a estrutura abaixo do Fernando Cunha foi nomeada pelo Silvio Pereira. Na área de Petrobras, de petroquímica, quem manda é ele.
- Um dia, perguntei: “Mas como é isso? Vocês dão a cabeça e tomam o corpo?” E ele disse que esse era o jeito do PT de repartir o poder. Foi assim no Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes. A primeira indicação para o Dnit, feita pela bancada de São Paulo, acho que é Pimentel o nome, esse que hoje aparece nos jornais. Toda a estrutura abaixo foi montada pelo Silvio e pelo Delúbio. O gerente, um tal de Lauro Corrêa, é homem do PT. Ele mandava mais que o diretor-geral do Dnit. O PT nomeava as pessoas que controlavam a estrutura do poder por baixo dos nomeados do PTB.
- A quem o senhor se refere quando fala na direção do PT?
- Genoino, Marcelo Sereno, Delúbio Soares, Zé Dirceu, que sempre soube de tudo. Várias vezes eu conversei com o Genoino e com o Delúbio no gabinete do ministro Zé Dirceu.
Tudo era tratado com o conhecimento dessas pessoas e do Silvio Pereira. Isso no início do governo. Há uma sala contígua à do gabinete do ministro Zé Dirceu no Palácio do Planalto, e de vez em quando nós fazíamos essas conversas. 90% das conversas eram feitas no Palácio, numa salinha que era reservada ao Silvio Pereira. De vez em quando o Delúbio metia a mão na porta, entrava, sentava, conversava e saía. O Zé Dirceu participava da conversa, e o Genoino também.
Roberto Jefferson lembra o encontro com Lula, em janeiro de 2005, quando falou do mensalão pela primeira vez ao presidente da República:
- E quando eu disse a ele, olhando nos olhos dele, do mensalão, o choque dele... Eu tenho
seis mandatos. Eu sou deputado federal desde o presidente Figueiredo. Eu nunca tinha ouvido falar de financiamento de bancada aliada na base pelo partido do governo. E contei isso ao presidente Lula. E vi a reação dele de perplexidade. E então as coisas pararam. Mas o que eu estranho é que a Abin, depois que eu disse isso ao presidente Lula, parte para mandar arapongas contra o PTB. Alguém, dentro do governo, não gostou que nós passamos essa informação ao presidente.
Quanto à reação do governo, desde que decidiu contar o que sabe dos pagamentos a deputados, Jefferson afirma:
- Num primeiro momento, o Zé Dirceu ficou muito hostil comigo depois do meu discurso na Câmara, quando eu assinei a CPI. Na véspera, houve reunião da executiva do PTB para que todos os companheiros assinassem a CPI e nós devolvêssemos os cargos ao governo.
Roberto Jefferson comenta o encontro, em sua casa, com José Dirceu e Aldo Rebelo. Os dois homens de confiança de Lula pediram para ele retirar o nome do requerimento de criação da CPI. O presidente do PTB argumentou que desejava a restauração da sua honra, e que a revista Veja vinha promovendo um “verdadeiro linchamento”. Reação de Dirceu, segundo Jefferson:
- Ele respondeu: “Roberto, na Veja não tenho nenhuma ação, porque a Veja é tucana”. Eu falei: “Mas O Globo e a Globo estão repetindo o linchamento”. Ele falou: “No O Globo eu falo por cima. Dá para segurar”.
Jefferson conclui:
- Retirar a assinatura foi o meu maior erro. Depois que fiz isso, recrudesceu o noticiário contra o PTB. Eu entendi que foi uma armadilha do Zé Dirceu para mim. Recrudesceu o noticiário, e eu vi claramente a mão do governo.
- Viu onde e como?
- Nas matérias que saíram na revista Época e no O Globo no fim de semana seguinte.
Violentamente contra mim e contra o PTB. Eu falei: “Eu errei, eu me enfraqueci ao retirar a assinatura da CPI, e o Zé Dirceu armou essa arapuca pra mim”. (...) Eu vejo nitidamente o dedo desse segmento, Zé Dirceu, Genoino e Delúbio, para colocar esse cadáver podre no colo do PTB.
A Folha de S.Paulo publica o editorial “Adeus às ilusões”. O jornal afirma:

“A eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se revelando um dos maiores estelionatos eleitorais da história democrática do País. Todas as bandeiras que um dia caracterizaram o Partido dos Trabalhadores foram conspurcadas. Até mesmo o que se afigurava como o último baluarte petista, uma relação diferenciada com a ética e a coisa pública, se reveste de tons de ‘bravata’, para utilizar um termo empregado pelo próprio presidente da República ao negar propostas antes defendidas pelo seu partido.”

Em outro trecho, o editorial aponta:

“Em termos sociológicos, a ausência de um projeto ajuda a explicar a crise da legenda.

Sem uma utopia à qual aspirar, o poder pelo poder transformou-se em razão de existência.

Muitos de seus expoentes mostraram-se deslumbrados com as mordomias, benesses e oportunidades de ascensão social oferecidas pela nova situação.”

O jornal conclui:

“Galgado ao comando do País, o partido enredou-se na trama do fisiologismo e da corrupção. Suas virtudes transmutaram-se em vícios. O despreparo, a ambição e o oportunismo derrotaram a esperança.”
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13/6/2005 O ministro José Dirceu (PT-SP) faz saber, por meio de sua assessoria de imprensa, que “minha relação com o presidente é excelente”. E manda o recado, pelos jornais:

- Não faço nada que não seja de comum acordo e determinado por ele.

Na declaração, todo o veneno e a ameaça implícita. José Dirceu seria capaz de vir a público e contar a verdade? Fica claro que não aceitaria ser exonerado por Lula. Ao mesmo tempo, a denúncia, gravíssima: se José Dirceu foi o grande operador, o cérebro do esquema de suborno de parlamentares para que apoiassem o Governo Federal e tudo era em “comum
acordo e determinado” pelo presidente da República, não restavam dúvidas: Lula era o chefe da corrupção e deveria responder pelo esquema delituoso.

É importante ressaltar que José Dirceu faz as afirmações por intermédio de seus auxiliares.

Isso significa que as palavras usadas na declaração haviam sido pensadas e medidas antes da divulgação, o que só aumenta a gravidade delas. Não foi um desabafo, portanto.

Nem algo falado sem querer, que escapou, no calor de uma situação indesejada, sob pressão de repórteres experientes. Tampouco foram palavras pinçadas de uma entrevista, para propositadamente prejudicá-lo. Nada disso. Dirceu manda dizer, ainda:
- Sou um soldado do partido e do governo.

Talvez em nenhum outro momento da crise Lula tenha ficado tão exposto. Afinal, o todo-poderoso ministro-chefe da Casa Civil, braço direito do presidente da República, acusado de comandar o esquema de corrupção, diz, com todas as letras, que fez o “determinado por ele”, Lula.

Mais uma justificativa para abrir um processo de impeachment contra o presidente. Processo nunca aberto, afinal.

O presidente do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), vai à forra. Depois de acusado por Roberto Jefferson (PTB-RJ) de envolvimento no escândalo do mensalão, dispara contra o oponente. Para Valdemar Costa Neto, Jefferson quer “tomar dinheiro” de alguém. Diz duvidar da doação de R$ 4 milhões do PT ao PTB, em 2004. Motivo: o PTB está “cheio de cargos no governo”, e “ajudando um monte de empresários”. Palavras do presidente do PL:

- Como é que vai dar dinheiro em campanha para um cara que tem milhares de cargos? Há diversos empresários que atuam nessas empresas que podem fazer doações para o partido. Qual é a justificativa para dar um mundo de cargos e, depois, dar dinheiro para eleição? Isso não bate.

Claríssimo! Os cargos no governo servem para fazer dinheiro: existem acordos para que empresários entreguem somas de recursos a agentes políticos responsáveis por sua contratação, e a funcionários públicos que, em conluio, fazem as medições dos serviços e bens comprados pelo governo. Ou seja: tudo poderia custar menos. E quem paga a conta? O público. É dinheiro do povo.

Voltemos ao ataque de Valdemar Costa Neto contra Roberto Jefferson:

- Como não bate ele reclamar do mensalão. Um camarada que extorque empresas abrirá mão de mesada? Vai querer em dobro. Vai dizer: “Tô bravo porque tem mesada?”

Ele falava aquilo para conseguir mais cargo. Foi com essa história de mensalão para conseguir mais espaço.
Para Valdemar Costa Neto, não tem lógica uma estratégia para fornecer mesadas a dezenas de deputados:

- Quem vai administrar um negócio desse? Você tem um problema em casa, com a mulher, um assessor... O pessoal deda.

Ele próprio, Valdemar Costa Neto, será denunciado pela ex-mulher. A história vem adiante.

A deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO) confirma ter recebido oferta em dinheiro para mudar de partido e fazer parte da base aliada do governo. Recusa-se, porém, a dar detalhes do episódio- A verdade me obriga a dizer que sim, eu fui convidada a mudar de partido. Agora, a responsabilidade me obriga a parar por aqui. Porque não posso provar. Vai ser a palavra de uma pessoa contra a palavra da pessoa que me fez o convite.

O diretor de Administração e Finanças da Embratur, Emerson Palmieri, pede exoneração do cargo. Ele foi citado por Roberto Jefferson como tesoureiro informal do PTB. Teria a função de receber pagamentos do PT ao PTB.

O funcionário dos Correios Maurício Marinho admite ao Ministério Público Federal ter feito contatos com mais de 300 fornecedores e prestadores de serviços. Todos interessados em assinar contratos com os Correios. A notícia ganha destaque nos jornais. Ele confessou que o genro de Roberto Jefferson, Marcus Vinícius Vasconcelos Ferreira, intermediou o acesso de empresários à estatal federal. Trecho do depoimento:

“Marcus Vinícius foi muitas vezes na ECT. Marcus Vinícius pedia ao depoente que atendesse determinados fornecedores, entre os quais César de tal (fornecedor de copiadoras) e Cristiano Brandão ou outra pessoa (área de tecnologia). Que não consegue se recordar de outras pessoas, mas pode informar que Marcus Vinícius o apresentou a outros fornecedores mais de duas vezes.”
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14/6/2005 O Brasil pára a fim de ver e ouvir o depoimento do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. A sessão dura quase sete horas, entre a fase de depoimento e os debates. Provoca um terremoto político. Repleto de acusações, declarações contundentes e ironias, o depoimento de Jefferson reafirma denúncias feitas à Folha de S.Paulo. A confissão e o testemunho do deputado comprometem o governo Lula. Sobre o mensalão:

- Desde agosto de 2003 é voz corrente em cada canto desta Casa, em cada fundo de plenário, em cada gabinete, em cada banheiro, que o ‘seu’ Delúbio, com conhecimento do ‘seu’ José Genoino, sim, tendo como pombo-correio o ‘seu’ Marcos Valério, um carequinha, que é publicitário lá em Minas, repassa dinheiro a partidos que compõem a base de sustentação do governo no negócio chamado mensalão.

Jefferson refere-se ao tesoureiro do PT, Delúbio Soares:

- Atendi na minha casa, no princípio de 2004, janeiro, fevereiro... O Delúbio foi simpático.

Fumou um charuto. Simples, um homem simples, mas cumprindo uma missão. Cheio de melindres e de tato para falar comigo. Com aquele jeitão dele de goiano do interior, disse que gostaria de ajudar a desencravar uma unha que pudesse haver, foi a expressão que ele usou, e que faria alguns repasses para o PTB.

- Com o Zé Dirceu eu falei sobre esse assunto uma meia dúzia de vezes. Não é, Zé Dirceu? Não é? Ao Genoino, o presidente do partido, falei uma meia dúzia de vezes.

- Disse isso ao ministro Palocci. Ele nega. Mas, Palocci, com todo o respeito, disse isso a vossa excelência, olhando dentro dos seus olhos.

Agora, Jefferson mira outros deputados, envolvidos com corrupção:

- Será que eu estou falando em um convento de virgens? Será que só eu ouvi falar em mensalão? Eu apenas destampei a panela, deputado.

- Tem muita gente do PP que está acima disso, tem muita gente do PL que está acima disso. Mas deputado Valdemar Costa Neto, deputado José Janene, Pedro Corrêa, Sandro Mabel, Bispo Rodrigues, Pedro Henry. Me perdoem, de coração, não posso ser cúmplice de vocês.

Para Valdemar Costa Neto (PL-SP), que o acusara de mentiroso:

- Eu afirmo que o senhor recebe repasses.

Dirigindo-se novamente a Valdemar, que é o presidente nacional do PL:

- Diga os nomes dos seus que recebem o mensalão. Vossa excelência recebe e reparte.

Roberto Jefferson aponta que o dinheiro, “no início, era para transferência de partido.

Depois, foi para votação”. E mais:

- Um dia, pedi a um companheiro: (...) Avisa ao Pedro Henry que, se ele tomar os dois deputados do PTB que está tentando com aquela mala de dinheiro, vou para a tribuna e conto a história do mensalão. Aí, refluiu, mas o mensalão não parou.

Sobre a saída do deputado Luiz Piauhylino (PDT-PE) do PTB:

- O motivo não é nobre, não é justo, foi por dinheiro.

- Provas não tenho, mas tenho provação. Provação vivi, porque além de eles receberem a mesada, ainda ficavam tentando os nossos deputados: “Vem para cá, seu otário. Olha, está na mala. Vocês não tem. Aqui tem”.

Jefferson dá novos detalhes do acordo PT/PTB:

- Em maio do ano passado, conversamos eu, o tesoureiro do meu partido, Emerson Palmieri, o doutor Delúbio, o presidente José Genoino e o Marcelo Sereno. Lá no prédio da Varig, onde fui várias vezes, e os senhores podem buscar informação na portaria, porque lá a gente tem que se identificar. Pedi ao presidente do PT, ex-deputado Genoino, um apoio para a campanha do meu partido. “Sem problema. Você me dá um planejamento de custo das campanhas do PTB”. Fizemos. Voltamos. Nos reunimos de novo com os três e eles aprovaram R$ 20 milhões para o financiamento das campanhas do PTB em todo o Brasil.

- Eles cumpriram a primeira parte do acordo, em princípios de julho, com R$ 4 milhões.

O dinheiro foi levado para o partido (...) pelo senhor Marcos Valério. Foi quando estive com ele pela primeira vez. É carequinha, falante e fala em dinheiro como se fosse assim uma coisa que caísse do céu. Primeiro foram R$ 2,2 milhões. Em duas malas enormes, notas de R$ 50 e R$ 100, etiquetadas por Banco Rural e Banco do Brasil. E três dias depois, (...) ele volta com R$ 1,8 milhão. Notas de R$ 50 e R$ 100, Banco Rural e Banco do Brasil e a promessa de outras quatro parcelas iguais. Perguntei ao Genoino: “Como é que a gente vai fazer para justificar esse dinheiro?” Ele falou: “No final a gente faz a entrada, via partido, e a saída, conta-contribuição”. Perfeito. Mas até hoje essas notas não chegaram. Isso gerou uma crise brutal no meu partido...

- Voltei ao Zé Dirceu, uma, duas, dez vezes, e disse: “Zé, está esgarçando, estou perdendo autoridade”. Ele falou: “Roberto, a Polícia Federal é meio tucana. Meteu em cana 62 doleiros, agora, na véspera da eleição. A turma que ajuda não está podendo internar dinheiro no Brasil”.

Jefferson usa o depoimento para mandar recado a José Dirceu. Ou, melhor: o recado é para Lula mesmo.

- Eu percebi que o governo quis botar um cadáver podre, que atinge o senhor Delúbio Soares, que atinge o senhor Silvio Pereira, que atinge o senhor Zé Dirceu... Estão dizendo que eu sou réu... Zé Dirceu, se você não sair daí rápido, você vai fazer réu um homem inocente, o presidente Lula. Rápido, saia daí rápido, Zé, para você não fazer mal a um homem bom, correto e de quem tenho orgulho de ter apertado a mão.

A origem do dinheiro da corrupção:

- Tem de perguntar isso ao Genoino e ao Delúbio, mas pelo que ouvi da conversa do Marcos Valério, quando ele foi levar os recursos ao PTB na eleição, ele faz via agência de publicidade, na relação de contratos que tem com algumas empresas do governo.

Sobre o financiamento de campanhas eleitorais, feito com dinheiro de empresas:

- Nenhum partido aqui recebe ajuda na eleição que não seja assim. Nenhum. Tenho a coragem de dizer de público aqui. Não aluguei meu partido, não fiz dele um exército de mercenário, nem transformei os meus colegas de bancada em homens de aluguel. Aqui todos sabem de onde vem, só que nós temos a hipocrisia de não confessar ao Brasil. Estou assumindo isso aqui e faço como pessoa física, faço como Roberto Jefferson. O dinheiro vem dos empresários que, na maioria das vezes, mantêm relação com as empresas públicas.

É assim e sempre foi.

Jefferson toca no problema dos Correios, na acusação de que participou de esquema de corrupção:

- Não consegui compreender ainda por que o zeloso Ministério Público, a zelosa Polícia Federal, a zelosa Corregedoria da União não investigaram a Diretoria de Informática... E 60% do depoimento do senhor Maurício Marinho apontam lá para a diretoria do ‘seu’ Silvinho Pereira, secretário-geral do PT.

- Não entendi por que não pesquisaram a Novadata ainda. Não sei por que correm atrás de um óbolo de R$ 3 mil, quando os contratos que desfalcam os Correios são de bilhões.

Não compreendi ainda como é que o cioso Ministério Público, a ciosa Polícia Federal e a ciosa Corregedoria da República ainda não investigaram o correio aéreo noturno, do ‘seu’ Silvinho Pereira, onde as contas de superfaturamento nos primeiros anos da atual gestão chegam a superfaturamento de 300%.

- A Skymaster? Eu nunca tinha ouvido falar. Sei agora, porque gente boa dos Correios está começando a me dar essas informações. E a Novadata? Naquela época não sabia nada, mas gente boa dos Correios começa a me dar agora essas informações. Assim como gente boa começa a me dar informações, deputado Valdemar Costa Neto, das licitações da Valec, do ex-deputado Juquinha, do PL. Como gente boa começa a me dar o que está acontecendo no Dnit, lá do PL. Coisas que, se Deus quiser, a CPI vai conhecer.

A revista Isto É Dinheiro publica duas entrevistas com Fernanda Karina Ramos Somaggio, ex-secretária do empresário Marcos Valério, dono das agências de publicidade DNA Propaganda e SMPG Comunicação. Fernanda Karina acusa Marcos Valério de envolvimento com o esquema de compra de deputados. Conta que havia encontros frequentes de Marcos Valério com dirigentes do PT. Cita Delúbio Soares, Silvio Pereira e reuniões em hotéis de São Paulo e Brasília.

- Em que hotéis?

- O Blue Trees, em Brasília, o L’Hotel, em São Paulo, o Sofitel, também em São Paulo.

A secretária testemunhou saídas de dinheiro:

- Com certeza. O Marcos Valério ficava o tempo todo com o Delúbio Soares. Era o Marcos quem pegava o negócio e levava de um lugar para o outro.

- Onde o dinheiro era retirado?

- Era sempre no Banco Rural. E era coisa grande. Algumas vezes pouco, R$ 50 mil, R$ 30 mil. Às vezes muito, mas muito mais.

Para ela, Delúbio Soares era o mais próximo de Marcos Valério no esquema:

- Depois, o Delúbio abriu as portas e aí tinha o José Dirceu, o Silvio Pereira.

- Como era o contato com o ministro José Dirceu?

- Havia ligações. A gente ligava e pedia para a menina do Delúbio colocar ele em contato com o Marcos Valério.

- Então o Valério tinha uma comunicação direta com o Dirceu?

- Sim.

- A senhora relata também que o irmão do ex-ministro Anderson Adauto teria recebido dinheiro da agência. Isso aconteceu no Ministério?

- Não. O irmão dele foi lá na agência, pegou uma mala de dinheiro e foi embora.

A ex-secretária conta que Marcos Valério mantinha contato com os deputados José Mentor (PT-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP). Marcos Valério pagou passagens aéreas para Silvana

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