segunda-feira, 21 de junho de 2010

ATENÇÃO POVO BRASILIERO,
 SEU VOTO É QUE PODE NOS TIRAR DAS MÃOS DESTA MALDITA QUADRILHA 

Autor do Livro: Jornalista Ivo Patarra
 CAPÍTULO 6 CONTINUAÇÃO (parte 8)


acordo” de Lídio Duarte. Em mais um contrato da Petrobras contrariando parecer técnico, Lídio Duarte teria operado de forma a favorecer a Cooper Gay ao contratar uma empresa.
Para isso, escreveu um simples “a Cooper poderia ser testada neste tipo de negócio”.
43
25/6/2005 A revista Veja entrevista Marcos Valério. Descreve que o empresário “tem passado os dias trancado com um batalhão de advogados e mergulhado em documentos e fitas de vídeo”, com a finalidade de esmiuçar o depoimento de Roberto Jefferson (PTB-RJ) à Comissão de Ética da Câmara.
Veja questiona Marcos Valério sobre saques em dinheiro com valores e datas compatíveis às denúncias de Roberto Jefferson. Ele responde:
- Reconheço que já fiz vultosas movimentações financeiras no Banco Rural. Tenho fazendas, compro animais. Lido com gado. Há fazendeiros que simplesmente não aceitam cheque. Tenho 13 cavalos de raça.

- Quando e como o senhor conheceu Delúbio?
- Em meados de 2002. Fui levado ao PT pelas mãos do deputado federal Virgílio Guimarães, meu conterrâneo da cidade de Curvelo (MG). Aí eu pedi e ele me apresentou à maioria do pessoal do PT, inclusive o Delúbio. 

- Como foi o processo de aproximação com os outros líderes do PT?
- Foi também pelo Virgílio.     Foi   ele   quem   me    apresentou     ao     ministro     José Dirceu e a
 João Paulo Cunha.
 Marcos Valério fala da amizade com Delúbio Soares:

- Nunca neguei que sou muito, mas muito amigo mesmo do Delúbio. Eu sou do interior, bicho do mato. O Delúbio é goiano, bicho do mato também. Houve aquela afinidade. A revista pergunta sobre as 13 vezes que Marcos Valério esteve na sede do PT em Brasília, em 2005. Resposta:
- Fui tomar cafezinho com meu amigo Delúbio. Discutíamos futilidades e um pouco de política. Evasivo, o empresário admite ter ido aos gabinetes dos ministros da Saúde, Humberto Costa (PT-PE), e dos Transportes, Anderson Adauto (PL-MG), discutir política e campanhas  eleitorais. Quantas vezes Marcos Valério esteve com o ministro José Dirceu (PT-SP)?
- No período em que foi ministro, três ou quatro vezes, no máximo. Por telefone, devo ter falado duas vezes, logo no início do governo. Nossos encontros foram por acaso. - Segundo relato de empresários ouvidos por Veja, o senhor foi visto várias vezes no Palácio do Planalto, na ante-sala do gabinete do ministro José Dirceu.
- Fui mesmo várias vezes ao Palácio do Planalto. Estive lá para visitar uma conterrânea do Delúbio, chamada Sandra Cabral.
- Sandra Cabral é assessora-chefe da Casa Civil. Que assuntos o senhor tinha para conversar com o braço-direito do então ministro José Dirceu?
- Ela é de Goiás, como o Delúbio. Como ele tem interesse em ser candidato a deputado federal, eu e a Sandra discutíamos os projetos do Delúbio. Conversamos muito sobre isso.
- O senhor está dizendo que esteve quatro ou cinco vezes no Palácio do Planalto apenas para conversar com a assessora-chefe da Casa Civil sobre uma provável candidatura do tesoureiro do PT a deputado federal? 
 É isso mesmo. A Sandra é amiga do Delúbio e estava preocupada com a campanha dele.
Três dias depois de mencionada na entrevista de Marcos Valério, Sandra Cabral faria declarações a jornalistas na sede nacional do PT, em São Paulo. Diria não ver nada de errado em tratar da eventual candidatura de Delúbio Soares no Palácio do Planalto, sede do governo:
- O Planalto, no nosso governo, felizmente, é um palácio aberto. Não só à imprensa, como a qualquer outra pessoa que entra a qualquer hora. Meu gabinete é absolutamente aberto.
Após a entrevista, foi anunciada a saída de Sandra Cabral da Casa Civil.
44
26/6/2005 A Folha de S.Paulo informa que o patrimônio de Marcos Valério subiu de R$ 3,8 milhões para R$ 6,7 milhões, em apenas um ano. Justamente de 2002 para 2003, no primeiro ano do governo Lula. O jornal esclarece que praticamente todos os bens do empresário estão em nome dos filhos e da mulher, Renilda Santiago. O casal possui imóveis, carros de luxo e tem aplicações financeiras. A Folha descreve ganhos de Marcos Valério:
“Em 2002, recebeu das agências de publicidade (e coligadas) das quais é sócio R$ 504 mil a título de lucros e dividendos. No ano seguinte, foram R$ 2,95 milhões. Ou seja, o retorno que as empresas lhe proporcionaram no primeiro ano do governo Lula foi quase seis vezes maior do que em 2002.”
46
28/6/2005 A Polícia Federal analisa documentos apreendidos nos setores de contabilidade das empresas de Marcos Valério, mas não encontra registros de transações com gado ou cavalos. Valério mencionara negócios no setor pecuário para justificar saques em dinheiro de R$ 20,9 milhões, feitos no Banco Rural. A investigação constatou número diferente: no governo Lula, o patrimônio de Valério teria saltado de R$ 2 milhões para R$ 6,7 milhões.
Pecuaristas estranham as alegações de Valério. R$ 20,9 milhões seriam suficientes para adquirir até 50 mil cabeças de bezerro de engorda, mas o nome de Valério é desconhecido no mercado de leilões de gado. Declaração de Daniel Bilk Costa, presidente do Sindicato Nacional dos Leiloeiros Rurais:
- Os poucos pecuaristas que têm mais de 5 mil cabeças de gado são conhecidos. Ninguém que gasta R$ 20 milhões, em dinheiro e à vista, fica no anonimato.

A agência de publicidade DNA foi multada em R$ 63,2 milhões pela Receita Federal em novembro de 2004, por movimentação financeira incompatível com a receita da empresa. A agência administrou R$ 268 milhões naquele ano, quantia acima do que poderia faturar com serviços de publicidade. Suspeita-se de dinheiro de caixa 2. As agências de Valério detêm cinco importantes contas de publicidade no governo Lula: Banco do Brasil, Eletronorte, Correios, Ministério do Trabalho e Ministério do Esporte.

A secretária Fernanda Karina Ramos Somaggio depõe no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Faz novas revelações sobre Marcos Valério:
- Quando o senhor Marcos ia a Brasília, sempre no dia ou no dia anterior eram sacadas grandes quantias de dinheiro, pela Geyza ou pelos boys. Os boys falavam que tinha saque de R$ 1 milhão. O dinheiro era levado para o Departamento Financeiro da agência, onde a Simone e a Geyza dividiam os maços e colocavam nas malas.
- O senhor Marcos passava na empresa e pegava as malas para levar no avião fretado.
Algumas vezes, a Simone diz que ficava em um hotel em Brasília, dentro de um quarto, o dia todo, contando dinheiro. E era um entra e sai de homem que ela ficava muito cansada.

Ela só contava dinheiro e passava para essas pessoas.

A funcionária Geyza Dias dos Santos trabalha no Departamento Financeiro da SMPB com a  gerente Simone Vasconcelos. Simone também usava quartos do hotel Grand Bittar, em Brasília, onde se hospedava, para repartir o dinheiro da propina. Os boys são Marquinhos e Orlando, cujo trabalho era retirar dinheiro no Banco Rural e no Banco do Brasil e transportá-lo até a agência.
Fernanda Karina entrega a agenda de trabalho ao Conselho de Ética, com anotações do período em que foi secretária de Marcos Valério. Lista quatro encontros do empresário com Marcus Vinicius di Flora, secretário-adjunto da Secom, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Traz referências a Márcio Lacerda, secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, braço-direito do ministro Ciro Gomes (PSB-CE). Uma ordem de Marcos Valério: é para deixar motorista à disposição de Delúbio Soares, sempre que o tesoureiro do PT estiver em Belo Horizonte.
Apontamentos na agenda Fernanda Karina registram encontros de Marcos Valério com os deputados José Mentor (PT-SP) e João Magno (PT-MG). Tem lembrete para a secretária presentear Marcus Vinicius di Flora e outro deputado, João Paulo Cunha (PT-SP), com canetas Mont Blanc. O nome do tesoureiro nacional do PL, Jacinto Lamas, homem de confiança do deputado Valdemar Costa Neto (SP), aparece três vezes. A agenda também registra o nome do petista Henrique Pizzolato, diretor de Marketing do Banco do Brasil, com quem Marcos Valério também se encontrava com certa frequência.
As retiradas de dinheiro, segundo a secretária Fernanda Karina:
- Os saques eram feitos antes das reuniões do senhor Marcos com os senhores Delúbio e Silvio Pereira, marcadas por mim nos hotéis Blue Tree Towers em Brasília, e Sofitel em São Paulo. O senhor Marcos só dizia que era para os amigos de Brasília.
“Detalhes” da agenda de Fernanda Karina: em 3 de dezembro de 2003, dois dias antes de reunião entre Marcos Valério e Silvio Pereira, secretário-geral do PT, o empresário sacou R$ 200 mil. Alguns dias depois, em 11 de dezembro, novo encontro com Silvio Pereira. Na véspera, retirada de R$ 120 mil. Outra anotação, esta de outubro de 2003: mandar flores a Silvio Pereira, um presente pelo nascimento da filha do secretário-geral. “Parabéns pela vinda de Luana. Que seja feliz”, diz o recado, ditado por Marcos Valério.
47
29/6/2005 Apesar da resistência da base aliada do governo Lula, o Senado instala a CPI dos Bingos. Na CPI dos Correios, os governistas trabalham contra a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Marcos Valério. O esforço é em vão. Vencidos, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e o deputado Maurício Rands (PT-PE) tentam impedir o depoimento de Marcos Valério. Vencidos mais uma vez, insistem na definição de uma pauta restrita, limitando o questionamento ao empresário ao caso dos Correios. Não querem indagações acerca de saques em dinheiro vivo ou perguntas sobre as amizades de Marcos Valério dentro do governo Lula e do PT. Marcos Valério, por sua vez, presta depoimento à Polícia Federal. Ao lado dele, três advogados para orientá-lo. Agora, ele nega ter usado dinheiro vivo para comprar gado, como havia declarado à revista Veja. Em sua nova versão, o dinheiro serviu para pagar fornecedores de empresas, comprar ativos e distribuir lucros entre os sócios. Sem maiores detalhes.
Depois da Polícia Federal, Marcos Valério presta esclarecimentos à Comissão de Sindicância da Câmara dos Deputados. Não dá informações sobre os “ativos” nos quais teria aplicado o dinheiro sacado. Em relação à entrevista à revista Veja, teria sido só uma “brincadeira”.
Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, o deputado José Múcio (PE), líder do PTB na Câmara, confirma ter participado de jantar na casa de Roberto Jefferson (PTB-RJ), em Brasília, em março de 2005. Estavam presentes José Genoino, presidente nacional do PT, e os tesoureiros do PT e do PTB, Delúbio Soares e Emerson Palmieri. O encontro serviu para Jefferson pedir mais R$ 4 milhões ao presidente do PT. Com o dinheiro, acertaria a segunda parcela dos R$ 20 milhões prometidos pelo partido de Lula ao PTB, para gastos supostamente efetuados na campanha eleitoral de 2004.

José Múcio também confirma reunião anterior, realizada em junho de 2004, na sede do , em Brasília, com as presenças de Roberto Jefferson, Emerson Palmieri, José Genoino, Delúbio Soares e do secretário de comunicação do PT, Marcelo Sereno, para fazer o acordo dos R$ 20 milhões. Para registrar: até o jantar de março de 2005, José Múcio desconhecia que o PT já havia repassado R$ 4 milhões para o PTB. Palavras dele:
- Foi quando ouvi falar nos R$ 4 milhões e quando o Roberto pediu outros R$ 4 milhões para regularizar a situação, porque ele tinha ficado numa situação extremamente desconfortável no partido, por causa do acordo não cumprido dos R$ 20 milhões. Ele disse:
“Com R$ 4 milhões resolvo o problema”.
Com elegância, José Múcio insinuou que Roberto Jefferson, presidente do PTB, teria ficado com os R$ 4 milhões para si:  Tenho quase certeza absoluta de que não chegou ao partido. Aqui, José Múcio se distancia de Roberto Jefferson, a quem servia como líder do PTB na Câmara. A recompensa por isso virá no segundo mandato de Lula, no qual será nomeado líder do governo na Câmara, ministro das Relações Institucionais e ministro do TCU (Tribunal de Contas da União).
Prestam depoimento no Conselho de Ética, ainda, José Genoino e a deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO). José Genoino admite conhecer Marcos Valério:

Nenhum comentário:

Postar um comentário