Alamar Régis Carvalho |
O Espiritismo e o
Carnaval
Começo este artigo deixando bem claro que não sou adepto do
carnaval, não brinco carnaval, não sou mestre sala de escola de samba nenhuma,
não tenho negócio com nada que diga respeito ao carnaval, enfim, não tenho
envolvimento nem ligação nenhuma com carnaval. Apenas quero dar uma
sugestão: Que tal analisarmos esta questão com o uso da
racionalidade?
Creio não ser necessário repetir para que o meu leitor não se deixe
envolver pela opinião do escritor, pelo fato de gostar dele, mas também sugiro
que ninguém tire conclusão final sobre nada, por opinião de artigos de ninguém
muito menos pelas “bondades” e “superioridades” espirituais do Seu Manoel ou
Dona Raimunda qualquer, dirigente do Centro Espírita onde freqüenta.
Que esses pontos de vistas sejam utilizados apenas como instrumentos
para AJUDAR a tirar sua conclusão, tudo bem, mas subestimar a sua própria
inteligência e determinar como verdade o ponto de vista de um ou de outro, não
condiz com o estilo de espírita que pensa.
Eu já escrevi sobre este assunto em outras ocasiões, mas acho que
vale a pena repetir, posto que todo ano, quando a época se aproxima, muita gente
volta a escrever, muito se fala no assunto nas tribunas dos centros e o tema
volta a ser foco.
Quero começar abordando um fato
Condenações religiosas de
fatos
O que quero dizer com isto?
É que existem verdadeiros dogmas, em todas as religiões, acerca de
determinados assuntos que normalmente são condenados, sem que se encontre uma
justificativa forte e consistente para as condenações. Afinal de contas,
condenar é um dos verbos aplicados no âmbito religioso. Não existe, na
sociedade humana, agregação que mais estabelece condenações que o segmento
religioso, inclusive o espírita.
O sexo é condenado, a nudez é condenada, o fato de uma pessoa dar
gargalhadas é algo condenado e até a alegria, por incrível que pareça, recebe
condenações.
A mente estreita humana, exatamente pelo fato de ser estreita e por
não ter capacidade para se aprofundar em nada, sempre condena a COISA em si,
quando na realidade deveria restringir a tal coisa somente em DETERMINADAS
SITUAÇÕES ou DETERMINADAS CIRCUNSTÂNCIAS, mesmo assim se essas situações ou
circunstâncias de fato existirem, depois de uma análise, um estudo ou uma
investigação criteriosa acerca dos fatos em si.
Condenar o sal, na comida, porque o excesso de sal faz mal, é
de uma burrice sem tamanho, do mesmo jeito condenar o açúcar, por causa do mal
que faz o excesso.
É impressionante como muitas pessoas não conseguem fazer diferença
entra a coisa em si e o excesso da coisa. (estou coisificando demais o
artigo, mas acho que se faz necessário).
Não é sem razão que a Ciência chegou à conclusão de que o homem não
chega a utilizar nem 5% da capacidade do seu cérebro e que alguns não chegam a
usar nem 3%.
É verdade, a maioria das pessoas tem preguiça de exercer a
capacidade de pensar e de raciocinar e em nosso meio espírita, isto ocorre muito
também, visto que estamos inseridos no universo humano.
Inclusive peço a alguns leitores, precipitados, que afastem de si a
mania de querer tirar conclusões sobre um artigo logo nos seus primeiros
parágrafos, o que é, aliás, uma característica do preguiçoso mental, exatamente
aquele que está inserido no universo dos 3% que falei.
De vez em quando recebo algumas respostas do tipo: “Você está se achando o único inteligente, e todo mundo é
burro”, o que também caracteriza o cérebro de minhoca do
precipitado.
Não tem nada a ver. Um escritor, que gosta de exercitar a sua mente,
assim como muitas pessoas gostam de exercitar as suas pernas, braços e músculos
numa academia de ginástica, quer apenas levar o produto das suas buscas e o seu
estilo de ver as coisas, para as pessoas outras, a fim de que elas apenas
experimentem, para ver se vale a pena ou se tem fundamento as argumentações
utilizadas.
Toda condenação é burra e a religiosa não fica atrás disto,
principalmente a condenação precipitada e a preconceituosa.
Já escrevi em outras oportunidades e volto a afirmar que todo
espírita deve procurar conhecer melhor o Allan Kardec, para perceber melhor a
excelência da sua mente e da sua inteligência, quando observará que ele nunca
foi de condenar absolutamente nada, daí estar bem distante daquilo que maioria
do movimento espírita pratica.
Qualquer pessoa sensata sabe que existe, por exemplo, uma diferença
enorme entra a prática do sexo e o mau uso do sexo. Muitos condenam a prática do
sexo, de forma generalizada, o que é um absurdo, quando as restrições deveriam
ser em relação ao mau uso, assim com mau uso de qualquer outra prática,
inclusive alimentar. É aquilo que eu disse anterior: A coisa é uma coisa, o
excesso da coisa é outra totalmente diferente.
Só que a inteligência atrofiada não consegue alcançar essa
diferença, a mente medíocre não consegue se aprofundar em nada e é habituada a
formar os seu conceitos na visão apenas superficial das coisas.
Vejamos, então, à questão do
Carnaval
O que é o Carnaval?
É um período de datas, no ano, que as pessoas escolhem para fazer
festas, do mesmo jeito que escolhem períodos para comemorar as festas natalinas,
juninas, comemorações religiosas e vários outros eventos que todo mundo
conhece.
Dizem que no carnaval há muito consumo de bebidas alcoólicas. Nas
festas juninas, também, isto acontece e o consumo, principalmente de cachaça, é
gigantesco. Nas festas natalinas também as pessoas enchem os “buchos” e bebem
muito, quando o time de futebol ganha as pessoa bebem para comemorar e quando
perdem também bebem.
O problema da bebida não está em uma festa em si e sim no vício de
quem é alcoólatra, que não reserva apenas o período do carnaval para beber, bebe
o ano inteiro.
Há, mas no carnaval há também muito sexo.
Em princípio é repugnante, insensato e ridículo essa mania da
religião continuar condenando o sexo, condenação esta que não se verifica apenas
no carnaval, mas é uma cultura estabelecida, embora uma cultura maluca, idiota e
descabida.
Vamos que se queira falar então em excesso de sexo, em sexo como
vício, sexo por interesses, sexo por pressão ou por chantagem... aí sim, que a
restrição deveria ser aplica e o repúdio teria justificativa.
Mas sexo por vício acontece o ano inteiro, por quem tem vício nele;
sexo por pressão, por interesse e por chantagem também acontecem o ano inteiro,
os motéis tem rotatividade o ano inteiro, gente fazendo sexo em carros acontecem
o ano inteiro. E daí?
Mas os desfiles de carnaval mostram mulheres semi-nuas.
Uai, mas as praias e piscinas, também, durante o ano inteiro,
mostram mulheres semi-nuas, com noventa e nove por cento da bunda de fora e
apenas parte dos órgão genitais cobertos por um pedacinho de tecido dos biquínis
que, também, só cobrem os biquinhos dos seios. Quem é que condena as praias e as
piscinas?
Vários programas de televisão mostram mulheres de
biquínis...
Afinal de contas, o que é que ocorre no carnaval que já não ocorre o
ano inteiro?
Mas existe a condenação ao carnaval, inclusive na casa
espírita.
Já ouvi várias vezes palestrantes afirmarem que obsessores atuam no
carnaval, que se fazem presentes nos locais onde as festas são realizadas, nos
trios elétricos, nas avenidas onde os desfiles são realizados... etc.
Será?
Vamos raciocinar:
Obsessor, quando quer prejudicar alguém, ele se limita a datas e a
períodos do ano?
Se estudos mais criteriosos definem que o obsessor atua na pessoa
quando a sua mente está vibrando na sua mesma freqüência, obviamente quando as
pessoas vivem no mal, planejam fazer mal aos outros, vivem negativas e
pessimistas, só pensam mal dos outros, só vêem maldade nas pessoas e nas coisas,
será que é mesmo nas avenidas onde se realizam os desfiles de carnaval que eles
vão encontrar essa sintonia?
Sinceramente: Você acha que as pessoas que vão para as arquibancadas
dos sambódromos, ver os desfiles das escolas de samba, necessariamente estão
pensando em fazer mal a alguém, planejando assaltar ou prejudicar
alguém?
Que a sua inteligência responda.
É óbvio que a realidade não é esta. Quem vai ver desfile de escola
de samba vai para ver a beleza das alegorias e das fantasias, vai querer ver
pessoas famosas ao vivo e de perto, vai querer se sacudir e extravasar as
tensões do dia-a-dia.
Como é que alguém pode, em são consciência, vincular isto
necessariamente a obsessão?
Será que essas pessoas estudaram mesmo o Livro dos Médiuns e os
diversos livros que falam das obsessões?
Fique, você, no lugar do obsessor. Faz de conta que você é ele, o
obsessor, que morre de raiva de alguém, sabe que pode usar da sua invisibilidade
e atuar na vida desse alguém o tempo todo, a hora que quiser, de manhã, de tarde
e de noite, até mesmo de madrugada, durante a sua tentativa de dormir, você iria
ficar esperando pelo mês de fevereiro de cada ano para poder exercer a sua
influência nessa pessoa?
Já que a proposta é de pensar raciocinando, vamos a outros
questionamentos:
O que é mais propício a obsessores, uma avenida de desfiles de
escola de sambas, onde tem pessoas alegres, felizes, sorrindo, se divertindo,
dançando e vendo coisas bonitas ou no lar de gente fofoqueira, costumeira a
viver de mau humor, brigando com todos dentro de casa, invejosa, ciumenta,
chantagista e de mal com a vida?
A obsessão existe mais na avenida ou nos ambientes religiosos onde
impera a fofoca, a intriga, a ciumeira, os boicotes, as disputas por cargos e o
baixo astral de muitos?
Onde existe mais obsessão, na avenida dos desfiles ou na mente
poluída e armada de muita gente que tem o hábito de viver condenando tudo, vendo
maldade em tudo, vendo podridão em tudo.
Sinceramente, meu amigo e minha amiga, você acha que gente que
possui esse perfil tem mesmo paz, está bem consigo mesma e está envolvida pelos
mentores mais evoluídos do mundo espiritual, a ponto de ter tanta moral assim
para definir onde tem e onde não tem obsessão?
Onde é que está, de fato, a maldade que
atrai a obsessão?
A doutrina espírita nos ensina que Céu e Inferno não existem, que
uma coisa ou outra dependem do estado de espírito da criatura, que eu posso
estar num inferno de sofrimento dentro de casa, enquanto na mesma casa onde eu
resido pode ter uma outra pessoa vivendo no céu.
Ora, porque o inferno estaria localizado exatamente nas avenidas das
pessoas que estão alegres e não dentro dos próprios lares dos que gostam de
julgar os outros, de ver maldade em tudo?
Não é preciso você se deixar levar pela opinião do Alamar não, basta
que você bote a sua cabeça para raciocinar naquilo que a própria doutrina
espírita nos ensina.
Se você acha que a hipocrisia de muitos os imune de obsessão e que
ela está apenas em pessoas que são autênticas e que sabem viver as suas vidas
felizes, posso assegurar que você está em equívoco. Quem vê cara não vê coração,
é o que diz o velho ditado.
Parabéns, José Medrado, por você exercer a sua liberdade, por exigir
respeito ao seu livre arbítrio, por desenvolver o seu alto astral sem se
submeter à língua de ninguém e ter coragem de subir no trio elétrico da Ivete
Sangalo, numa boa, fazendo pessoas felizes com a sua presença, sem se embriagar,
sem comprometer a sua consciência e sem abrir mão com o seu compromisso de fazer
o bem às pessoas.
O meu carinhoso abraço aos inúmeros amigos espíritas que gostam do
carnaval, que se divirtam neste período e que continuem felizes e fazendo os
outros felizes.
Abração
Ah, tem outra coisa:
Você, que gosta do Alamar, dê uma entradinha
no site da Rede Visão e se cadastre lá, como amigo do Alamar. É fácil, basta
clicar em CADASTRE-SE AQUI, que está logo ao lado esquerdo do site, coloque o
seu email lá que o sistema vai verificar se já consta os seus dados em nosso
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informações que pedem lá, com objetivos de estatística apenas. Se você já recebe
emails do Alamar, com certeza já consta. Mesmo assim pedimos para que entre lá,
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