Imenso amor
Numa manhã de
primavera, o marido pediu o divórcio. Confessou já ter outra companheira com
quem bem se entendia e desejava viver.
A esposa ficou chocada
mas, em vez do escândalo que ele esperava, ela simplesmente lhe pediu para
aguardar trinta dias.
E, como cláusula
adicional para o deixar seguir sua vida, lhe exigiu que, durante aquele período,
a cada manhã, ele a transportasse em seus braços do quarto para a sala de
jantar.
Que são trinta dias
para quem poderia gozar a liberdade depois?
No dia seguinte, ele a
transportou do quarto para a sala de jantar e saiu para o trabalho. Quando
retornou à noite, ela estava sentada à mesa e escrevia.
Assim foi no segundo e
nos demais dias. No vigésimo primeiro dia, quando ele a apanhou nos braços, ela
recostou sua cabeça no ombro dele.
Aquilo o fez recordar
dos dias primeiros da união matrimonial. Um doce enlevo pareceu envolvê-lo, mas
ele jogou longe os pensamentos.
No vigésimo quinto dia,
quando ele a estava levando para a sala de jantar, o filho os surpreendeu. Olhou
a ambos, sorriu e comentou:
Olha o casalzinho
namorando... Legal, hein, pai!
Aquilo mexeu com ele.
Faltavam somente cinco dias para sua liberdade.
Mas ele começara a
sentir algo estranho dentro dele. Já não tinha tanta certeza se desejava mesmo
ficar com a outra companheira, deixando esta.
Os dias do namoro, o
romantismo dos primeiros anos principiava, de forma insistente, a surgir na tela
da sua mente.
Ele passou a se dar
conta que, a cada dia, a esposa estava mais leve. Pensou que deveria ser por já
se ter habituado àquele ritual matutino.
No trigésimo dia, ele
desfez o compromisso com a outra companheira. Ela ficou muito zangada e disse
que a esposa usara de subterfúgios para o seduzir novamente.
Raivosa, o
despachou.
Ele comprou flores no
caminho. Entrou cantando em casa.
Mas a
esposa não estava na sala, como habitualmente.
Foi ao quarto. Ela
estava deitada. Ele se aproximou, curvou-se para beijá-la. Sentiu-a gélida. Ela
estava morta.
Sobre a mesa de
cabeceira, um envelope nominado a ele. Abriu-o e começou a ler. Era uma longa
carta, aquela que ele a vira escrever, dia após dia.
Entre lágrimas leu que,
no dia em que ele lhe pedira o divórcio, ela havia se preparado para lhe dizer
do diagnóstico que recebera.
E de que teria somente
trinta dias de vida. Por isso, para que ele não se sentisse culpado e ficasse
verdadeiramente livre, ela pedira aquele prazo e a atenção toda
manhã.
Agora, ele estava livre
para buscar o amor que desejava. Ela se fora.
O homem chorou e
chorou. Chorou a perda do seu grande amor. Um amor que, mesmo não mais sendo
amado, pensara nele, na sua felicidade.
Um imenso amor como
poucos...
Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado por Divaldo Pereira Franco, em Conferência proferida em Pinhais, PR, em março de 2011.
Em 02.08.2011
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