sexta-feira, 2 de outubro de 2009




Tempo Para A Guerra E Tempo Para o Amor
Fonte: http://www.loveessaysbook.com/
"Ensaios sobre o Amor"


Diz-se no Eclesiastes:


Para tudo há uma estação, para tudo o que o que se passa
debaixo do céu há um tempo.
Há um tempo para se nascer, e um tempo para morrer; um
tempo para plantar, e um tempo para recolher o que foi
plantado. … Um tempo para amar, e um tempo para odiar;
um tempo para a guerra e um tempo para a paz.

Esta visão da vida como um ciclo, pode ser distorcedora e errada. Há muitas perspectivas em que ela não se desenrola como um ciclo, mas sim como uma maldita de uma coisa atrás da outra, ou como uma serpente errática, ou como a alegria breve e colorida de um pássaro na primavera. Mais: ao bem não tem que se suceder o mal. O mal e o bem não são parte integrante do mesmo ciclo, ou de uma qualquer inevitabilidade.

Mas há de facto um certo ângulo em que a vida - com os seus ingredientes – se apresenta sob forma circular, em que o amor e a guerra se intervalam com regularidade ao longo das suas horas e períodos. Nesta perspectiva o autor do Eclesiastes tem razão.

Pense-se no nosso quotidiano. Ele é cheio de guerras: a guerra do trabalho, a guerra da sobrevivência. Mas no intervalo desses nossos afazeres diários, há também um espaço – porventura breve, demasiado breve - para um sorriso, uma conversa, um beijo. Há sempre uma hora, um minuto, para o amor. O Eclesiastes tem razão, nesta perspectiva: há um ciclo de guerra e amor nas nossas vidas.

Mesmo aqueles que fomentam a guerra, não estão excluídos deste ciclo. Não o dispensam. Mesmo para os que têm as mãos sujas de sangue - como os nazis, as tiveram – há sempre um espaço privado para a sua humanidade, um espaço para filhos, e esposas e amantes. No intervalo das guerras há um espaço para o amor (ainda que ele surja como mesquinho e insignificante, face ao espaço do círculo dedicado à guerra e ao ódio).
*
Todos estamos envolvidos neste ciclo: os pecadores, e obviamente também os santos, ou aqueles de nós que mais se aproximam dessa condição. Também estes estão absorvidos por tarefas diárias, que nada têm de superior e divino; também nos santos humanos há espaço para o mal presente na raiz de todo o ser; também a sua vida pode ser vista como um ciclo.

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