sábado, 3 de outubro de 2009

O Tempo Gasta o Amor: o Hábito e o Amor
www.loveessaysbook.com
"Ensaios sobre o Amor"


O tempo esbate as feridas e as más memórias - dores, afrontas, insucessos, golpes da má fortuna. Mas não só. Também o espantoso e o grandioso é esbatido e banalizado pelo tempo. Habituamo-nos às coisas, e o seu lado fantástico e maravilhoso desaparece com essa habituação.

É uma lei natural, a que o amor – com o que ele pode ter de grandioso - não está imune. E é o que Úrsula Guin expressa de forma superior:

O amor é como o pão; tem que ser amassado, feito de novo, todos os dias.
Úrsula Guin, The Lathe of Heaven

A habituação e a falta de novidade podem de facto ser o túmulo do amor, ou de certos amores – um túmulo de onde ele não ressuscita mais, ou de onde só ressuscita nas nossas memórias, e nomeadamente nos mitos criados pela literatura e pelas publicações cor-de-rosa.
Mas há obviamente outras causas. Muitas vezes, no caso do amor romântico, é a ilusão que morre, são as miragens de seres maravilhosos a desaparecerem, a assumirem a sua condição plebeia.
Outras vezes é a falta de amor verdadeiro:

Quantos homens pensam que desejam uma mulher, quando apenas querem realmente um orgasmo?
A. Compte-Sponville, filósofo francês, Pequeno Tratado das Grandes Virtudes

Ou são mudanças que acontecem em nós:

Ele não ama mais a pessoa que amou há dez anos atrás. Acredito piamente nisso. Ela não é a mesma, e tão pouco ele o é. Ele era jovem, e ela também. (…) Talvez ele ainda a pudesse amar, se ela fosse como antes.
B. Pascal, filósofo, físico e matemático francês, Pensamentos
Ou outros factores... O hábito e o tempo não são definitivamente explicação para tudo.

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